São Paulo, domingo, 15 de junho de 1997 |
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Receitas de são Cipriano
CARLOS HEITOR CONY Rio de Janeiro - Sou agora feliz possuidor de uma raridade bibliográfica: "O Grande e Verdadeiro Livro de São Cipriano", adquirido num fornido sebo na calçada da rua do Catete. Não façam confusões. Há o "Livro de São Cipriano", há o "Verdadeiro Livro de São Cipriano" e há o "Grande Livro de São Cipriano".Podem ser bons, mas não se comparam com o meu, que é ao mesmo tempo grande e verdadeiro. Além de conter os demais, contém uma preciosa receita para conquistar a mulher do próximo. Quando encontrarmos um marreco, devemos pronunciar esta forma cabalística: "Golfinho, golfinho que entortas pra frente, que entortas pra trás, vai, vai diligente e deixa-me em paz, aí vai uma figa e não olhes para trás!" Dizendo-se isso, faz-se uma figa e mantém-se a mão fechada até encontrar um outro marreco, um guarda municipal (federal não serve), um coxo, um cavalo branco (o uísque homônimo também não serve), um humorista da TV ou uma procissão. Há também a eficiente receita para recuperar maridos bêbados e esposas de vida airada. Chama-se "Feitiço Maravilhoso das Batatas Cozidas com Pombo ao Relento". É meio complicada, pois requer uma pomba virgem -não é muito fácil, dada a promiscuidade dos pombos, encontrar um espécime dentro da especificação prescrita. Prometo que brevemente darei algumas receitas aqui neste canto, incluindo a "Grande Mágica das Favas" (usada ao longo da Idade Média para impedir a Guerra, a Fome e a Peste), e o poderosíssimo "Enquirimanço para Botar na Cadeia Aqueles que Roubam" -de alguma necessidade nos dias de hoje. Em momentos de maior júbilo, ou quando estiver muito triste, contarei a "Edificante História de São Cipriano e Elvira no Deserto". Como certos filmes que passam por aí, tem mistério, horror, violência, cenas de nudez e muita sacanagem. Texto Anterior: Cada macaco no seu galho Próximo Texto: Que belo exemplo, dona Alice Índice |
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