São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 1997
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Começou em festinhas e acabou dependente

"Meus pais são sociólogos e sempre estiveram fora de casa. Levava a vida como queria. Aos 13 anos, morava no Rio e comecei a andar com pessoas erradas, que andavam armadas e iam a bailes funks. Foi nessa época que comecei a beber, era só em festinhas.
Depois de um tempo, decidi cair fora. Pratiquei remo durante dois anos e cheguei a ficar bom. Meu pai me tirou do esporte porque comecei a ir mal na escola.
Voltei a andar com os amigos antigos e a beber muito. Não gostava da bebida, mas do efeito: ficava mais paquerador, com a língua solta... Hoje, percebo que foi aí que eu desenvolvi meu lado alcoólatra.
Eu era aquele que sempre chamava a saideira, quando todo mundo já estava chapado. Eu sempre aguentei a bebida.
Em pouco tempo, eu também estava usando cocaína. Pela minha experiência, o álcool é a porta de entrada para as outras drogas.
Comecei a cheirar todo dia e tomava um uísque para 'destravar' o efeito do pó. Isso durou até os 16, 17 anos. Contei pros meus pais e pedi ajuda a eles.
Fiquei em uma clínica de loucos uma semana, tomando sedativos. Saí mais revoltado, passei a usar mais droga. Saía na sexta e passava o fim-de-semana no morro.
Larguei o colégio no segundo colegial. Comecei a roubar em casa para comprar coca. Fiquei um tempo sem cheirar, mas substituí pelo álcool. Em 95, fui internado. Saí e passei dez meses limpo. Entrei no cursinho e passei no vestibular para direito. Hoje, eu estou limpo, mas sei que é só por hoje. Tomo remédio para me manter em equilíbrio."
M.L.A., 21

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