São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Covas nega desvio de verba de precatório

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Mário Covas, disse ontem em depoimento à CPI dos Precatórios que, em abril de 96, comunicou ao Ministério Público que os governos Quércia e Fleury haviam desviado recursos destinados ao pagamento de dívidas judiciais.
Covas disse que o Banco Central e o Senado tinham conhecimento do desvio pelo menos desde 1992. Segundo o governador, essas instituições não tomaram nenhuma providência.
"Soube das irregularidades depois do BC e do Senado e, assim que tive conhecimento, comuniquei à Procuradoria", disse Covas. Procurado pela Folha após as declarações de Covas, o BC não havia se pronunciado até o fechamento desta edição.
Desvio
Segundo ele, em abril de 96 foi apurado um desvio de R$ 822 milhões, que teria sido feito pelos dois governos anteriores.
O governador disse que, em 92, o próprio governo do Estado forneceu ao BC e ao Senado informações que deixavam claro que as emissões de títulos estavam superando o pagamento de precatórios.
Naquele ano, o governo de Luiz Antônio Fleury Filho pediu a emissão do equivalente a 698 milhões de BTNs (Bônus do Tesouro Nacional).
No pedido, Fleury informou que no ano anterior havia emitido o equivalente a 460 milhões de BTNs, dos quais somente 85 milhões de BTNs foram usados para pagar precatórios.
Covas afirmou concordar com a conclusão da CPI segundo a qual foram desviados R$ 1,7 bilhão em recursos. Mas, segundo ele, todo o desvio foi em governos anteriores.
Covas disse que, ao receber o cargo de Fleury, havia somente R$ 36 milhões no caixa do Estado.
Saldo em caixa
O governador disse que, em seu governo, foram emitidos R$ 163 milhões, dos quais R$ 104 milhões foram utilizados no pagamento de precatórios. O saldo, de R$ 58 milhões, permanece no caixa do governo, segundo Covas.
O governador contestou informação do relatório parcial da CPI, segundo a qual o governo usou irregularmente durante quatro dias títulos do fundo de liquidez para financiar outras despesas.
Covas sustentou que não houve desvio -e, mesmo que tivesse havido, essa era responsabilidade dos interventores do Banespa, responsável pela gerência do fundo de liquidez. "O Banespa (sob intervenção do BC) não está sob minhas ordens", disse.

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