São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 1997
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Mulher sobrevive a 194 golpes de tesoura

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O desempregado Andrei Silva de Souza, 22, é acusado de roubar e desferir 194 golpes com uma tesoura na cartorária Sandra Junqueira Franco, 31. Ela sobreviveu. Sandra é filha do dono de um cartório onde Souza trabalhou.
O crime aconteceu no dia 9 passado, na rua Conselheiro Brotero, em Higienópolis (região central de São Paulo). Sandra teve os dois pulmões perfurados e a veia jugular refeita pelos médicos.
Ele confessou o crime. "Fiz uma besteira", disse. Souza deixara o cartório do pai de Sandra, Eduardo Kuhllmann Junqueira Franco, havia dois anos. Ele está desempregado há dois meses.
No dia 8, um domingo, telefonou duas vezes para o celular de Sandra. Disse que ia visitá-la no dia seguinte. Às 8h30 da segunda, chegou ao prédio onde Sandra mora sozinha em um apartamento no oitavo andar. Conversou com o porteiro e foi autorizado a subir.
Ele vestia uma calça jeans e uma camisa e, por baixo, outra calça e outra camisa. "Ele pediu dinheiro à vítima, que disse não poder lhe dar nada naquele momento", afirmou o delegado Marcelo Guedes Damas, da Divisão de Homicídios.
Então, Sandra ofereceu-lhe uma carona para o centro velho. Pediu apenas que esperasse um momento, enquanto ela tomava um banho rápido. A cartorária já estava se vestindo para sair, quando Souza teria invadido seu quarto.
Segundo o delegado, ameaçou matá-la com uma tesoura. Obrigou Sandra a preencher um cheque de R$ 900. Depois, amarrou as mãos da vítima para trás com uma corda, pôs-lhe um lenço na boca e a jogou na cama, passando a perfurar com a tesoura o peito, o rosto e o pescoço de Sandra.
A cartorária conseguiu soltar as mãos e empurrar o agressor, que caiu no chão. Mas ele se levantou e conseguiu dominá-la novamente, reiniciando a sessão de golpes. "Ela pediu-lhe que não a matasse, mas ele não parava de golpeá-la", disse o delegado. Constatando isso, Sandra fingiu estar morta.
Os golpes com a tesoura cessaram, mas o agressor ainda deu alguns chutes. Antes de fugir, tirou a calça e a camisa sujas de sangue e apanhou o cheque preenchido, um talão de cheques e um CD.
A cartorária conseguiu telefonar para a PM. Quando os policiais chegaram, ela havia perdido dois litros de sangue. "Os médicos disseram que foi quase um milagre ela sobreviver", disse o delegado.
Souza afirmou que foi descontar o cheque em uma agência do Crefisul da região central. Por causa do valor, foi obrigado a torná-lo um cheque nominal, ou seja, a pôr o nome no documento.
Por meio do cheque descontado no banco e do endereço de Souza no antigo emprego, os policiais o prenderam dois dias depois em Mauá (Grande SP). A Justiça decretou a prisão temporária de Souza por dez dias, e o delegado pedirá a prisão preventiva dele.

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