São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 1997
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Preso, ex-líder pode manter ameaça política

KATYA ROBINSON
DA "REUTER", EM PHNOM PENH

Mesmo que as notícias dando conta da rendição do notório homem forte do Khmer Vermelho revelarem ser verdadeiras, Pol Pot continuará representando uma ameaça à estabilidade política do Camboja.
Analistas políticos dizem que, se for confirmada sua capitulação diante de seus ex-companheiros de armas, anunciada ontem, ela provavelmente terá se devido a um acordo com o primeiro-ministro Hun Sen.
"Esta notícia não vai ajudar a situação do país", disse um analista político estrangeiro em Phnom Penh. "É isso que preocupa." Para outro, a rendição de Pol Pot "pode ser o final da história militar do Khmer Vermelho, mas o início de sua história política".
Na quarta-feira Hun Sen declarou que o outro primeiro-ministro, Ranariddh, terá que decidir se vai cooperar com seu parceiro na coalizão ou tomar o partido do Khmer Vermelho.
"Não entendo porque meu parceiro no governo de coalizão foi negociar com o Khmer Vermelho", disse ele a jornalistas. "É uma traição inaceitável."
Choques no governo
Na semana passada, Ranariddh afirmou que o Khmer Vermelho rachou e que a maioria dos defensores de Pol Pot se voltou contra ele.
O primeiro-ministro também declarou que Pol Pot se encontrava na selva do norte do país, fugindo na companhia de um pequeno núcleo de fiéis defensores.
A declaração marcou uma deterioração ainda maior nas relações entre Ranariddh e Hun Sen, e na noite da terça-feira seguranças dos partidos políticos rivais se enfrentaram nas ruas da capital, deixando mortos dois dos homens de Ranariddh.
Os analistas também disseram que, com as relações entre os dois premiês próximos da ruptura, o Khmer Vermelho pode explorar a situação para seu próprio benefício.
"O Khmer Vermelho é que pode beneficiar-se", disse um diplomata asiático, opinando que os rebeldes são hábeis quando se trata de explorar as divergências internas da coalizão para conseguir concessões.

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