São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997 |
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Maluf desiste da Presidência em 98
KENNEDY ALENCAR
O pepebista fez questão de mostrar ao presidente que já está se preparando para a campanha paulista do ano que vem. Para isso, levou uma pesquisa na qual aparece vencendo o governador Mário Covas (PSDB). Maluf considera que atingiu com sucesso o objetivo de seu encontro com FHC: a garantia de que não será atacado ferozmente pelo governo federal na campanha para o governo de São Paulo. O pepebista acha que FHC não impedirá uma aliança sua com o PFL paulista, o que lhe dará um tempo maior de TV no horário eleitoral. Em troca, não usará esse tempo para atacar o presidente. Avalia também que prefeitos do interior de São Paulo, inclusive do PSDB, acreditam que ele está não está contra o PSDB, o que abrirá espaço para tomar aliados de Covas. E crê ter demonstrado aos financiadores de campanha que não será um opositor do Plano Real a qualquer preço. Com isso, evitará que os financiadores da campanha eleitoral de FHC fujam do caixa malufista. A Folha apurou que o trabalho da CPI dos Precatórios foi um dos temas da conversa entre o presidente e o pepebista. Indiretamente, o ex-prefeito paulistano insinuou que estava sendo vítima de uma campanha. Conclusão científica Segundo estrategistas do malufismo, seria um erro alimentar o sonho presidencial por dois motivos: 1) Pesquisas mostraram que FHC vence Maluf em todo o país, com exceção de São Paulo, onde o pepebista hoje estaria empatado tecnicamente com o tucano; 2) Se demorasse a assumir a candidatura ao governo paulista, Maluf poderia transmitir ao seu eleitorado mais fiel a imagem de quem está se contentando com um prêmio de consolação. Maluf foi aconselhado a não repetir o que seus assessores consideraram um dos erros do tucano José Serra, que demorou para entrar na eleição paulistana em 96 e acabou transmitindo a imagem de candidato a contragosto. Após as gravações divulgadas pela Folha mostrando que houve compra de votos para a aprovar a reeleição, Maluf chegou a se entusiasmar com possibilidade de disputar a Presidência. No entanto, acabou desistindo diante da análise que lhe foi transmitida pelo publicitário Duda Mendonça em recente jantar em São Paulo. Um outra constatação, de natureza política, enterrou a candidatura presidencial. O mais forte líder do PFL, senador Antonio Carlos Magalhães, disse a Maluf que a aliança federal do partido em 98 será com o PSDB. ACM também deu sinal verde para Maluf negociar o apoio do PFL paulista à sua campanha. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) foi convidado para ser vice de Maluf. Sem o PFL, Maluf concluiu que não teria como obter um desempenho na região Nordeste a ponto de ser páreo para FHC. A única hipótese para Maluf retomar seu projeto presidencial é a ocorrência de uma crise política que acabe com a aliança entre PFL e PSDB. O ex-prefeito sempre afirma que a política muda no Brasil "a cada 15 dias", mas sabe que contar com esse cenário hoje não passa de um sonho. Discurso elaborado Maluf já definiu o discurso eleitoral para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Suas bandeiras serão o desemprego, a saúde e a segurança. Pesquisas encomendadas pelo malufismo revelam que o desemprego é a maior preocupação do eleitorado paulista. Na sequência, vêm saúde e segurança, que seriam as áreas do governo Covas com pior avaliação pelo eleitorado, ainda de acordo com os levantamentos do PPB. O pepebista defenderá a implantação em todo o Estado do PAS (Programa de Assistência à Saúde), plano que implementou na Prefeitura de São Paulo. Maluf explorará também os recentes conflitos entre o governador e a polícia paulista. Dirá que prestigiará a Polícia Militar e que aumentará o número de policiais nas ruas. Texto Anterior: Maluf oferece vaga de vice e senador a PFL Próximo Texto: Para PFL, PSDB não reconhece seu apoio Índice |
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