São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Caso Paubrasil originou disputa

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As divergências na Beter têm origem no caso Paubrasil (esquema montado para financiar as campanhas de Paulo Maluf para governador, em 1990, e para prefeito, em 1992, por meio de uma empresa do pianista João Carlos Martins).
Até janeiro último, o conselho da Beter era presidido por Carlos Alberto Lancellotti, vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e ex-presidente do Sinicesp (que reúne a indústria da construção pesada). Ele foi citado no escândalo Paubrasil.
Olyntho Dantas, engenheiro que hoje se dedica à construção de um templo para a Igreja Messiânica do Brasil, diz que ficou "magoado" quando a Polícia Federal o convocou para apresentar suas declarações do Imposto de Renda, ao estourar o caso Paubrasil.
Segundo ele, a doação para a campanha de Maluf havia sido feita por uma companhia limitada cujos sócios eram Lancellotti (com 40% do capital), o atual presidente da Beter, Arlindo Antonio Stocco (20%) e ele próprio, Dantas (20%).
Dantas diz que não sabe a origem do dinheiro que foi doado para a campanha de Maluf. Inconformado, entrou na Justiça com pedido de cisão dessa empresa (processo legal para sair da sociedade).
Conselheiro da Beter, Dantas diz que não tinha acesso às informações da construtora. A troca de correspondência não o convencia sobre as decisões da diretoria.
No final de 96, pediu a eleição de um conselho fiscal (órgão formado por especialistas, indicados pelos acionistas, para fiscalizar a gestão da empresa). Ainda segundo Dantas, na véspera da assembléia para eleger o conselho, Lancellotti pediu demissão da presidência do conselho de administração.
Na condição de sócio comum, Lancellotti somou seu voto ao de empresas de sua propriedade, que também detêm ações da Beter, evitando assim que Dantas tivesse um representante no conselho fiscal.
Dantas protocolou reclamação na CVM, em novembro do ano passado, processo que até hoje tramita na área técnica do órgão, que ainda não se manifestou a respeito.
Orientado por seus advogados, Dantas evita conceder entrevista formal. De posse de um parecer do jurista Modesto Carvalhosa, ele diz que pretende acionar os controladores da Beter na Justiça, mesmo que o "xerife" do mercado de capitais venha a se manifestar contra a sua reclamação.
(FV)

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