São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Polícia prende 8 por tráfico na Cidade de Deus

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Dois meses após a exibição pela TV de um vídeo mostrando policiais militares espancando moradores da Cidade de Deus, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), PMs prenderam no local oito pessoas que teriam ligações com o tráfico de drogas. Foram apreendidos três armas, munição e 230 sacolés de cocaína. Para o capitão Edson Muniz, era uma "questão de honra" provar que o conjunto habitacional Gabinal Margarida -palco da filmagem do vídeo- não é um local pacífico.
Muniz reconheceu que a operação não deixou de "ser uma resposta" aos supostos traficantes que teriam participado da "farsa das filmagens". Dos seis PMs que apareceram no vídeo, quatro foram expulsos da corporação.
A 50 metros do ponto da filmagem do vídeo, 20 PMs invadiram ontem de manhã -com mandados de busca e apreensão- seis apartamentos do conjunto habitacional Gabinal Margarida.
Segundo o capitão Muniz, do 18º BPM (Batalhão de Polícia Militar), não houve tiros ou violência. Os oito presos -quatro deles menores de idade- se renderam, sendo levados para a 32ª DP (Delegacia de Polícia de Jacarepaguá), onde vão responder a inquérito por tráfico de drogas.
Muniz demonstrava satisfação por ter prendido Ana Paula Santos Rocha, 23, e o marido André Luis de Oliveira Ribeiro, 19. No apartamento dos dois foi encontrada uma pistola 45, que Ribeiro disse ter achado na rua.
Ana Paula é irmã de Marcos César Santos, 26, que está preso e, segundo Muniz, controla o tráfico de drogas no local. Logo após a exibição do vídeo pela Rede Globo, ela deu declarações a jornalistas, denunciando supostas arbitrariedades de PMs. De todos os presos, apenas os menores confessaram o envolvimento com o tráfico.
O capitão disse que no apartamento 402, onde estavam quatro menores e dois homens maiores de idade, foram apreendidos uma metralhadora, um subfuzil, munição, sacolés de cocaína, R$ 562 e material para empacotar a droga.
Segundo Muniz, os presos podem ter ligação com o assassinato, em 4 de junho, do ex-jogador José Adilson de Sousa de Jesus, que comandava na área uma escolinha de futebol.

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