São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Réu se entregou três anos depois do crime

DA REDAÇÃO

No primeiro julgamento, em novembro de 96, o ex-soldado da PM Nélson Oliveira dos Santos Cunha havia sido condenado a 261 anos de prisão.
Os sete jurados do 2º Tribunal do Júri do Rio consideraram Cunha culpado pela morte de oito meninos de rua e pela tentativa de homicídio contra o ex-mendigo Wagner dos Santos.
O ex-PM, no primeiro julgamento, já havia confessado ter presenciado a chacina, mas negado ter matado alguém. Disse ter atirado acidentalmente em Santos.
Na época, o advogado de Cunha, Luiz Carlos da Silva Neto, disse ter considerado o resultado do julgamento uma "vitória".
A chacina da Candelária ocorreu em 23 de julho de 1993. Segundo Cunha, a chacina foi motivada por uma briga entre menores e PMs.
Cerca de 50 meninas e meninos de rua dormiam sob uma marquise perto da igreja da Candelária (centro do Rio) quando pelo menos quatro homens atiraram contra eles. Cinco meninos morreram no local. O líder dos menores, conhecido como Come-Gato, morreu dias depois, no hospital.
O mesmo grupo de chacinadores capturou, na rua Dom Gerardo, dois meninos de rua e o mendigo Wagner dos Santos.
Os menores foram mortos a tiros perto do MAM (Museu de Arte Moderna), no centro. Santos sobreviveu aos tiros, tornando-se a principal testemunha.
Foram presos quatro homens, apontados pelos menores em reconhecimentos e acareações feitas pela PM: o serralheiro Jurandir Gomes de França e os PMs Marcelo Ferreira Cortes, Cláudio Luiz Andrade dos Santos e Marcos Vinícius Borges Emmanuel. Os quatro sempre sustentaram inocência.
Em abril de 96, Nélson Cunha, que não era citado no processo, apresentou-se à polícia e confessou participação no massacre.
Cunha acusou ainda Emmanuel, o soldado Marcos Aurélio Alcântara e o ex-PM Maurício da Conceição, o Sexta-Feira 13, já morto. Cunha e Emmanuel confessaram. Julgado duas vezes, Emmanuel foi condenado a 89 anos de prisão.
As confissões mudaram a situação dos três réus. Presos desde a chacina, Cortes, Santos e França foram libertados para aguardar julgamento. Foram absolvidos.

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