São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Novos sintomas de reativação

OSMAR ELIAS ZOGBI

Depois de ficarem praticamente estacionadas em 1996, as exportações de celulose e papel voltaram a registrar expansão. Os dados do primeiro quadrimestre deste ano, levantados pela associação dos fabricantes do setor, indicam um significativo crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior.
Foi, sem dúvida, um desempenho brilhante, evidenciando uma retomada da atividade econômica no segmento industrial: 814 mil toneladas de celulose de fibra curta, ou seja, um crescimento de 27%. As vendas externas de papel de imprimir e escrever, com 260 mil toneladas no mesmo período, indicaram um crescimento de 40%.
Esse é o resultado do grande esforço que as empresas exportadoras estão realizando no sentido de tornar seus produtos mais competitivos em nível internacional, além do empenho em tocar, com mais agressividade, o mercado externo, no qual as compras caminhavam num ritmo mais lento.
Numa análise imediata, esse bom desempenho nas vendas externas, particularmente de celulose, revela que os estoques dos distribuidores do produto começam a se esgotar, depois de se manter elevados durante todo o ano passado.
Vale destacar que esse significativo desempenho se deu, principalmente, com a celulose de fibra curta e com o papel para imprimir e escrever. São, na realidade, duas faces da mesma moeda, pois derivam de uma mesma raiz: o eucalipto, que é, sem dúvida, um dos itens mais diferenciados de nossa indústria em relação à concorrência internacional.
Por isso, o atual momento pode se transformar numa excelente oportunidade para os produtores de celulose e papel instalados no Brasil ampliarem e consolidarem posições estratégicas no mercado internacional, aliando a necessidade de reposição de estoques a essas vantagens comparativas, que podem nos colocar um degrau à frente de nossos concorrentes.
Têm concorrido também para esse aumento das exportações as diversas medidas adotadas pelo governo federal, como a retirada do ICMS da celulose, o que possibilitou um aumento da competitividade de nossos produtos no mercado externo.
No entanto, devemos estar atentos para dar continuidade ao trabalho que vimos desenvolvendo em parceria com o governo federal, no âmbito do mercado externo, que transcende as medidas que eventualmente ainda devem ser tomadas na área fiscal e de financiamento às exportações.
Diz respeito a uma ação mais determinada, que se está desenvolvendo pela via diplomática junto aos principais mercados consumidores de celulose e papel brasileiros, particularmente a União Européia.
São iniciativas que procuram uma solução satisfatória em relação a certificações ambientais e ao "ecolabel", visando demonstrar a efetiva sustentabilidade da indústria brasileira, que só consome madeira originada de florestas plantadas e investe maciçamente para se adequar a rígidas normas de preservação ambiental.
A pressão de demanda no mercado externo, com certeza, continuará tendo resposta positiva dos exportadores brasileiros, que estão preparados para sustentar qualquer elevação, mesmo que significativa, como a atual, no volume de seus embarques para o exterior.

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