São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Polícia isola os jogadores, mas torcida se sente desprotegida

RODRIGO BERTOLOTTO

RODRIGO BERTOLOTTO; ARNALDO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA

Enquanto a seleção brasileira é custodiada por dezenas de policiais bolivianos, que a isolam de tudo, os torcedores em Santa Cruz de la Sierra, a maioria universitários, se sentem desprotegidos.
"Há uma campanha contra os brasileiros na televisão daqui. No canal Megavisión, o apresentador Jorge Arias Banegas vive recriminando os estudantes brasileiros e fomentando a violência", afirma Vágner Massaruha, mato-grossense que cursa medicina.
Banegas nega a acusação. "Os bolivianos têm um pouco de raiva dos argentinos, mas o que os estudantes brasileiros fizeram nós temos que denunciar. Só isso", diz o diretor geral do canal Megavisión.
A comunidade brasileira em Santa Cruz, com 18 mil pessoas, fala de várias agressões sofridas. "Já fui expulso de ônibus pelo motorista e tive de sair de outro porque uns passageiros queriam brigar só por eu estar conversando em português", afirma César Amaral.
"Quase 100% dos brasileiros em Santa Cruz estão insatisfeitos, ainda mais com esse clima de rivalidade", afirma Giovano Rocha Spalatti, preso desde segunda por agredir um torcedor boliviano nas tribunas do estádio Ramón Aguilera, onde jogavam Brasil e México.
Os estudantes de Direito da faculdade de Spalatti, na Universidad Gabriel René Moreno, entraram com um pedido de expulsão dele.
"Eles estão fazendo o maior auê, querendo aparecer, como da outra vez com o Mauro", afirmou Spalatti, referindo-se à agressão do estudante de medicina Mauro Salas de Moraes, em maio último, contra um engraxate boliviano.
O selecionado brasileiro vive sob forte policiamento. Na entrada do hotel House Inn há, todas as horas do dia, dez policiais.
O quarteirão do hotel recebe rondas e os comerciantes dali foram recomendados a não deixar torcedores entrarem para tentar pular para dentro do hotel. Após o jogo contra o México, os jogadores fecharam uma boate para comemorar, com seguranças na porta.

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