São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Aprenda a escolher o vinho certo

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Escolher os vinhos que escoltarão sua refeição não tem por que ser uma tarefa estressante ou difícil. Mesmo para aqueles que ainda não se aprofundaram tanto quanto gostariam no mundo de Baco, algumas regras básicas podem facilitar o ritual da seleção.
Em primeiro lugar, peça a carta de vinhos e não se sinta pressionado pelo tempo. A idéia não é deixar sedentos além da conta seus acompanhantes, mas ninguém pode esperar que você se comporte como uma espécie de Jacques Villeneuve das cartas tentando a pole-position dos pedidos.
A seguir, decida quanto pretende gastar. Você pode não ser um expert em vinhos, mas com certeza conhece o tamanho do seu bolso. Se o convite for seu e não tiver idéia de quanto seria razoável desembolsar, a fórmula é escolher garrafas de preço equivalente ao da refeição para uma pessoa (entrada, prato principal e sobremesa). Dê uma passada pela carta eliminando os vinhos que estão fora desse preço (o universo já terá diminuído bastante).
Use critérios básicos de escolha. Brancos e espumantes vão bem na hora do aperitivo e para acompanhar saladas, peixes, frutos do mar e carnes leves. Tintos acompanham bem massas, carnes vermelhas, caça e pratos mais robustos. Planeje os brancos antes dos tintos, e os mais leves precedendo os encorpados. Meia garrafa por pessoa é um bom cálculo inicial.
Não corra riscos. Opte por pedidas seguras. Na ala dos espumantes, alguns nacionais (M. Chandon, De Greville, Cave Geisse) são boas opções. Quanto aos vinhos brancos, os Chardonnay são normalmente bem recebidos e, no dos tintos, o mesmo acontece com os Cabernet Sauvignon.
Em ambos os casos, chilenos (leves, redondos e frutados), californianos (mais densos) e australianos (igualmente vigorosos) são quase sempre tiro e queda.
No capítulo francês, evite os vinhos genéricos (até os de Bordeaux e Borgonha), que em geral decepcionam. Procure garrafas do Rhône, como alguns Crozes-Hermitage ou Côtes du Rhône (de produtores como Chapoutier, Guigal, ou Delás). Leve igualmente em conta os Chianti clássicos italianos, os Rioja da Espanha e os robustos portugueses do Alentejo.
Considere uma segunda opinião. Em algumas casas, um sommelier ou o próprio dono está disponível para ajudar. Eles podem ter boas sugestões, mas, se não agradarem, fique firme na sua escolha.
Ao ser apresentada a garrafa, verifique o pedido (vinho, produtor e safra). Depois, acompanhe a cerimônia. O garçom abrirá a garrafa colocando a rolha ao seu lado, oferecendo-lhe uma amostra do vinho. Agora você está no centro do palco. O que fazer?
Primeiro, ignore a rolha. Ela pouco vai revelar no momento a respeito do vinho. Depois, concentre-se no copo. O líquido tem que estar límpido, sem turbidez.
Sinta o aroma. Se ele lembra cloro, cogumelos ("bouchonée", produto de rolhas defeituosas) ou vinagre devolva a garrafa. Se a fruta predomina, dê um gole. Em geral, tudo vai dar certo na boca.
Finalmente, curta o momento. Peça para servir e prepare-se para desfrutar a refeição, saboreando sua escolha até o último gole.

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