São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997 |
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FHC ataca "indolência" dos intelectuais na "Lua Nova" Chega às livrarias publicação com entrevista do presidente FERNANDO DE BARROS E SILVA
Na entrevista, concedida a Brasílio Sallum Jr., professor do Departamento de Sociologia da USP, FHC critica a "indolência do intelectual brasileiro". Referindo-se implicitamente aos críticos do governo, o presidente diz: "O cara fica no gabinete e escreve; não anda, não vê, não examina" (leia o trecho em box nesta página). FHC diz na entrevista que a tarefa de seu governo é "reorganizar o capitalismo brasileiro", o que, segundo ele, "as pessoas não sabem, não percebem". A entrevista não foi feita originalmente com a finalidade de ser publicada. Realizada em agosto de 96, ela faz parte de um estudo em andamento de Brasílio Sallum, financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), sobre "A Nova Estratégia Brasileira de Desenvolvimento". Fernando Henrique Cardoso autorizou agora Sallum a publicar alguns trechos. Se a distância de um ano por um lado "esfria" o depoimento de FHC, por outro a natureza dos temas tratados dão atualidade à conversa. Com a emenda da reeleição aprovada, os assuntos adquirem nova relevância. A certa altura FHC diz: "O fundamental é que eu não posso perder a sucessão. Quer dizer, quem me suceder tem que ser pessoa afinada, para poder seguir, porque para estabilizar tem que haver continuidade". Sobre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), FHC afirma: "Você vê, hoje o movimento dos sem-terra é um problema urbano, quer dizer, a sociedade urbana acredita que a reforma agrária é essencial para o país. Para o país não é; é essencial para os que não têm terra. Mas aqui sempre vai haver um Luiz Inácio da Silva pairando no ar. É verdade que já não há mais o risco populista clássico. Leonel Brizola sumiu. O PT é reivindicação social legítima, que tem força na medida em que esses processos são lentos". O presidente ainda fala sobre os bastidores nervosos do período de implementação do Plano Real, o papel do Estado na economia, as estratégias de crescimento, o espaço nacional na era da globalização e o Mercosul, entre outras coisas. A respeito desse último ponto, FHC diz: "Eu nunca acreditei na possibilidade de integração latino-americana e muito menos caribenha. Não dá. Então, na minha visão, o nosso espaço histórico-geográfico é a América do Sul". Organizada, como de hábito, em torno de um núcleo temático, a revista "Lua Nova" reúne ainda nesse número sete textos sobre o tema "Governo & Direitos". Onde encontrar: revista Lua Nova (nº 39), lançamento do Cedec (r. Airosa Galvão, 64, São Paulo, CEP: 05002-070, tel. 011/871-2966) Texto Anterior: Elomar e Arthur Moreira Lima refazem 'Consertão' no Palace Próximo Texto: NOITE ILUSTRADA Índice |
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