São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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PMDB tenta se manter no poder em SC

OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB tenta monitorar de Brasília um acordo que permita manter com o partido o governo de Santa Catarina, mesmo se for aprovado o impeachment do governador Paulo Afonso Vieira. A estratégia pode incluir a renúncia do governador.
Segundo se estuda no partido, se o impeachment for considerado inevitável, restaria a alternativa de tentar manter no cargo o vice-governador, José Augusto Hülse, após a renúncia de Vieira.
O partido vai concentrar esforços para retirar Hülse do processo de impeachment que tramita na Assembléia Legislativa do Estado.
Oficialmente, o partido diz que não aceita a cassação do governador. O PMDB argumenta que em outros Estados nenhum envolvido nas irregularidades cometidas com títulos públicos está ameaçado de perder o mandato.
'Atitude forçada'
"Estamos tratando do caso dos dois, governador e vice. Por enquanto", afirma o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC), um dos principais aliados de Paulo Afonso Vieira.
A inclusão do nome de Hülse no processo irritou líderes peemedebistas como o senador Jader Barbalho (PA). Na sua opinião, "incluir o vice é uma atitude forçada".
O nome de Hülse não aparece envolvido diretamente com as denúncias de irregularidades na emissão e negociação de títulos públicos de Santa Catarina, no final do ano passado, que deveriam ter sido usados no pagamento de dívidas decorrentes de decisões judicais (precatórios).
O vice-governador também não foi citado na investigação promovida pela CPI dos Precatórios como participante de reuniões que precederam a emissão de R$ 605 milhões em títulos, com lucros indevidos a bancos e corretoras.
Além disso, o vice é ligado aos deputados do PDT na Assembléia, com os quais poderia contar para livrar-se do crime de responsabilidade e iniciar a formação de um eventual novo governo.
O PMDB tem 11 deputados estaduais e precisa de mais três votos para evitar a cassação dos mandatos de Paulo Afonso e de Hülse.
Como a Assembléia tem 40 deputados, o impeachment só será aprovado com pelo menos 27 votos a favor (dois terços do total).
O presidente da Assembléia, Francisco Küster (PSDB), também deu declarações recentes de que considera de fácil defesa a manutenção de Hülse no poder.
PFL
O PMDB aguarda a reunião que o diretório do PFL de Santa Catarina realiza nesta segunda-feira para decidir se fecha questão a favor da cassação dos mandatos.
O encontro pefelista será comandado pelo presidente nacional licenciado do partido, embaixador Jorge Bornhausen.
Bornhausen foi o articulador, em 1994, do apoio do PFL à candidatura de Paulo Afonso. Depois da eleição, sua filha Fernanda Bornhausen Sá ocupou a Secretaria da Família, cargo que deixou após as denúncias de irregularidades com títulos públicos.
O PFL tem 8 deputados e 4 deles querem que o partido deixe a decisão a cargo de cada parlamentar.
Se o PFL não fechar questão, Paulo Afonso acha que estará livre do impeachment, pois teria o apoio de três pefelistas.

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