São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Perícia analisa hospital onde morreram 5

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Peritos do Instituto de Criminalística recolheram ontem amostras do conteúdo do tanque de oxigênio e dos três cilindros de oxigênio usados no sistema de emergência do Hospital e Maternidade Príncipe Humberto, em São Bernardo do Campo (SP).
Um problema na rede de fornecimento de oxigênio do hospital pode ter sido responsável pela morte de cinco pessoas entre a noite da última segunda-feira e a tarde de quarta.
O diretor da Vigilância Sanitária Regional DIR-2, Wagner Kuroiwa, 50, disse suspeitar da existência de outros gases medicinais misturados ao oxigênio dos cilindros.
Todas as vítimas fatais receberam, em algum momento, oxigênio na noite de segunda-feira, quando teria ocorrido a falha. O horário mais provável para o problema é entre as 20h e as 21h de segunda.
O diretor clínico Ricardo Seiler, 35, disse que a perícia no tanque que alimenta os pacientes constatou existência de oxigênio.
"Vamos analisar se há outro tipo de gás no tanque e principalmente nos cilindros", disse o delegado-titular do 1º DP de São Bernardo, José Ribamar Raposo, 36, que investiga o caso.
Segundo ele, as amostras deverão ser levadas para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. O laudo da perícia deverá ficar pronto nos próximos 15 dias.
Os três cilindros do sistema de emergência, que foram acionados quando a válvula do tanque travou devido à alta pressão, estão interditados desde segunda-feira.
O tanque foi interditado na segunda e liberado em seguida. Anteontem à tarde, o tanque foi interditado de novo e liberado na manhã de ontem para atender alguns pacientes.
Morreram no hospital quatro pacientes que estavam na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) -Ana Aparecida Cardin Genovese, 61, Albina Laurinda de Jesus, 80, Amélia Rosa de Pinho, 72, e Kátia Ferreira de Barros, 14 dias.
A quinta vítima foi a auxiliar de enfermagem Michele Carvalho da Silva, 23, que recebeu o oxigênio na noite de segunda-feira, durante uma cirurgia para a retirada de cálculos da vesícula.
Depois de sofrer uma parada cardíaca e entrar em coma, ela morreu na última quarta-feira. O material de anestesia usado na cirurgia também será periciado.
O diretor clínico do hospital negou ontem haver uma sexta vítima, o bebê Isabel, que morreu na madrugada da última terça-feira.
Segundo ele, a morte de Isabel não tem relação com o problema de fornecimento de oxigênio. "A criança nasceu e morreu em seguida, mas ela tinha má-formação congênita." Ontem à tarde, Seiler prestou depoimento na delegacia.

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