São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Jurado diz que justiça foi feita

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Membro do júri que absolveu Nélson Oliveira dos Santos Cunha, o técnico em telecomunicações Edson Pires Martinelli Real disse ontem à Folha que não havia como condenar o réu.
"A justiça foi feita, de acordo com o que foi apresentado no tribunal", afirmou Real, que é funcionário da Telerj (Telecomunicações do Rio S/A).
Real, 45, não revelou se votou pela absolvição ou condenação ("o voto é secreto"), mas disse acreditar que os jurados foram influenciados pela falta de testemunhas que apontassem o réu como autor de pelo menos uma das oito mortes ocorridas.
"Não chegou ninguém para acusar: 'ele matou, eu vi'. Conclusão: ninguém o viu matar. O advogado disse que ele teve chance de matar, mas não matou, e ele diz que só atirou para afugentar", afirmou o jurado.
Real afirmou ter se surpreendido com o desenrolar dos fatos no tribunal, pois imaginava que Cunha voltasse a confessar seu envolvimento na matança dos meninos.
"Fui para o julgamento com a consciência limpa, mas achava que ele iria ser condenado novamente", disse Real, que há cinco anos atua como jurado.
Na manhã seguinte à chacina, Real disse que chegou a ver os cadáveres dos meninos mortos perto da igreja da Candelária (centro do Rio). "Passei na Kombi da Telerj e parei para ver o que estava acontecendo. Fiquei horrorizado. Tenho filhos pequenos", disse ele.
(ST)

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