São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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'Vendendo Prosperidade' analisa papel de economistas na política

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Vendendo Prosperidade", do economista americano Paul Krugman, é um desses -raros- livros que valem a pena ser comprados e lidos mesmo que seja só pelo prefácio, interessante mesmo para quem não entende muito do assunto principal, economia.
As primeiras 17 páginas do livro devem prender a atenção de quem se interessa por política e de quem lê jornais e revistas e fica intrigado com a constante presença na mídia das mesmas personagens falando sobre tudo.
A introdução do livro é uma delícia, a começar pelo título, "À procura dos Mágicos". Os "mágicos" são, para Krugman, os economistas capazes de arranjar explicações para situações complexas e de propor opções de política econômica de forma que determinado político consiga atrair mais eleitores.
Economistas de plantão
Professor da Universidade de Stanford e considerado pela American Economic Association e pela revista "The Economist" um dos melhores economistas da sua geração, Krugman traça um retrato primoroso das duas principais "classes" de economistas, os "professores" e o que a tradução brasileira batizou (de uma forma um pouco confusa) de "empresários de políticas".
Para leitores atentos à cena brasileira, vai ser fácil enquadrar economistas num ou noutro grupo.
"Vendendo Prosperidade" não se resume, é claro, apenas a uma análise -muito bem escrita, diga-se de passagem- do papel dos economistas na política. Krugman procura explicar por que o pensamento econômico preponderante tem oscilado tanto da esquerda para a direita (e de volta à esquerda) e o impacto disso sobre governos.
As únicas críticas desfavoráveis que poderiam ser feitas ao livro são algumas restrições à tradução e a demora do seu lançamento no Brasil.
"Vendendo Prosperidade" foi publicado nos EUA em 1994, e muitas referências ao governo Clinton e às relações comerciais entre norte-americanos e japoneses, por exemplo, ficaram datadas.
Teria sido um ganho adicional para o leitor brasileiro se Krugman tivesse acrescentado um posfácio, atualizando alguns dos seus comentários.
A Campus também está lançando a tradução de outro livro de Krugman, "Internacionalismo Pop", uma compilação de artigos e ensaios publicados originalmente entre 1991 e 1994.

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