São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Mãe quer torcedor livre até o fim da copa

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA

A goiana Laura Rocha Spalatti, 42, mãe de Giovano, torcedor brasileiro preso em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) por agredir um boliviano, deseja tirá-lo da prisão antes do fim da Copa América.
Segundo ela, o ânimo de seu filho piorou depois que policiais fizeram ameaças, dizendo que o levariam para uma penitenciária.
Laura Spalatti chegou a Santa Cruz na quarta-feira à noite e visitou o filho no dia seguinte.
Ontem, esteve com o cônsul-geral do Brasil na cidade. Depois, visitou novamente o filho na cadeia. Na sequência, foi até a faculdade de comunicações da universidade pública Gabriel René Moreno.
"Preciso tirá-lo da prisão antes que termine a Copa América, senão ele vai ficar mofando nesse lugar", disse Laura, nascida em Rio Verde (GO) -a família vive em Cuiabá (MT) há dez anos.
*
Folha - Como a senhora vê a situação de seu filho agora que a senhora está na Bolívia?
Laura Spalatti - Só vou embora de Santa Cruz de la Sierra com meu filho. Foi só uma casualidade a briga em que ele entrou, mas a imprensa daqui contou tanta mentira... Disse até que ele lutava caratê. Todo mundo no estádio viu que ele foi provocado, mas as imagens na televisão não mostram isso. Eu quero saber como fica a imagem do meu filho agora.
Folha - Mas, se ele permanecer preso aqui, a senhora vai ficar?
Spalatti - Preciso tirá-lo da prisão antes que termine a Copa América, senão ele vai ficar mofando nesse lugar. Tem de ser o mais rápido possível.
Folha - A senhora trouxe dinheiro para pagar a fiança e para a indenização à vítima?
Spalatti - Trouxe, mas não muito. A fiança é de US$ 250, e os gastos com hospital já chegaram a US$ 2.700.
Vamos ter de pagar ainda o tempo em que a vítima ficou sem trabalhar. Sou funcionária pública, mas vou pagar tudo. Vou pegar dinheiro emprestado no banco.
Folha - Como está o ânimo de seu filho depois de tudo isso?
Spalatti - No primeiro dia, ele estava sorridente, achando que tudo ia dar certo, mas hoje (ontem) ele estava transtornado. Chorava muito, quase não podia falar.
A polícia ameaçou levá-lo para uma penitenciária maior e acabou colocando-o de volta em um cela com bandidos de alta periculosidade (leia texto nesta página).
Folha - Ele tem encontrado apoio das autoridades e amigos?
Spalatti - O consulado brasileiro está ajudando, e os amigos bolivianos dele da faculdade estão levando comida e fazendo um abaixo-assinado testemunhando a sua boa conduta.

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