São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997 |
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CBF rompe regra e salva Fluminense
MÁRIO MAGALHÃES
Em vez dos 24 times definidos desde o ano passado e referendados pelo conselho técnico dos clubes que aprovou o regulamento, a competição terá 26 participantes. Anteontem, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) havia assegurado a participação do Atlético-PR no campeonato, apesar da suspensão de 360 dias. A equipe paranaense foi salva com a utilização de norma da legislação esportiva que já não está em vigor. O arranjo político que resultou na nova fórmula foi conduzido pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que sofreu as maiores pressões e ameaças desde quando passou a dirigir a entidade, em 1989. A decisão cria precedente para que nenhum clube tradicional, como o Fluminense, venha a cair para a segunda divisão, mesmo que fracasse nos gramados. A diretoria da CBF se reuniu ontem de manhã na sede da entidade, no Rio. Ao incluir 26 clubes, ela desrespeita o artigo 39 do estatuto da confederação, que limita em 24 os times na primeira divisão. Nota oficial diz que a mudança de estatuto será submetida à assembléia geral, com representantes das federações. Mas não foi marcada nem discutida data. Será mais uma mudança na gestão Teixeira. Numa delas, ele viabilizou sua própria reeleição. O dirigente saiu às pressas da CBF, evitando os repórteres. Mas um atraso de cerca de cinco minutos do seu carro o fez esperar na calçada, com seguranças. Ele se recusou pelo menos 14 vezes a falar sobre a decisão. "Leiam a nota oficial", repetia, suando. Atrás dele, cerca de 20 torcedores do Fluminense cantavam o hino do clube, destacando o verso "Quem espera sempre alcança". Depois, um dos vice-presidentes, Alfredo Nunes, informou que Teixeira saíra para comemorar os 50 anos, completados ontem. Depois de ler a nota oficial, Nunes começou a ser entrevistado. Na terceira pergunta, ele se levantou, irritado, e foi embora. A pergunta: "Se o STJD confirmara o Atlético-PR na primeira divisão, com que argumento a CBF incluiu Fluminense e Bragantino?". Antes, Nunes afirmou que os dois times, últimos colocados no campeonato de 96, foram mantidos na primeira divisão porque "o futebol vive uma situação difícil". Ao se retirar, Nunes deixou sozinho o diretor técnico da CBF, Gilberto Coelho. O dirigente disse que "houve vestígios de que algo não andou bem com a arbitragem no campeonato passado". "Houve uma situação excepcional. O único mal que se pode remendar um pouco exige a manutenção dos dois clubes." A síntese da argumentação de Coelho é a seguinte: houve indícios de manipulação de resultados, o que não é suficiente para anular o Brasileiro de 96. Como é possível que clubes tenham sido prejudicados, ninguém será castigado, pelo menos com rebaixamento. Revoltado com a decisão, que rejeitou a ascensão do Náutico (PE), terceiro colocado na segunda divisão do ano passado -os dois primeiros agora sobem-, o presidente da Federação Pernambucana, Carlos Alberto Oliveira, afirmou: "Foderam o Náutico." O campeonato começará dia 5 de julho com Grêmio e São Paulo. Os três clubes que cairiam para a terceira divisão -Goiatuba (GO), Sergipe (SE) e Central (PE)- ficarão na "segundona", que reunirá 25 times. Texto Anterior: Brasil vence Japão e fica em 1º no grupo Próximo Texto: Só Ivens paga por escândalo Índice |
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