São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997
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Saída de Boris Casoy do SBT acirra disputa por âncoras

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao trocar o SBT pela Rede Record, Boris Casoy pode provocar uma "dança das cadeiras" no telejornalismo brasileiro. Se a emissora de Silvio Santos resolver buscar o novo apresentador do "TJ Brasil" na concorrência, vários nomes do primeiro time de jornalistas da TV poderão trocar de casa.
Paulo Henrique Amorim, atual apresentador do "Jornal da Band", e Chico Pinheiro, que comanda o "Bom Dia São Paulo", na Globo, são alguns dos nomes cotados para substituir Casoy. Se Amorim, por exemplo, deixar seu cargo, outro nome será chamado para seu lugar -e assim sucessivamente.
O novo apresentador do "TJ Brasil" pode estar, no entanto, dentro do próprio SBT. Nomes como Marília Gabriela, do "SBT Repórter", e do casal Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, do "Jornal do SBT", foram cogitados para ocupar o cargo.
A Folha apurou que o "passe" de Casoy deve custar à Record, além dos salários, uma multa de cerca de R$ 1 milhão pela rescisão do contrato. A saída do jornalista não é a única mudança a aquecer o mercado e a sugerir uma troca de cadeiras no telejornalismo.
A simples substituição de Lillian Witte Fibe por Carlos Nascimento durante suas férias em julho no "Jornal Nacional", divulgada recentemente, foi suficiente para criar a expectativa de uma troca permanente.
Apesar dos comentários sobre a suposta ciranda, os apresentadores evitam falar sobre o assunto e despistam. "No meu caso, não há novidade. Em meu último acerto com a Globo, combinamos que eu seria o substituto dos apresentadores do 'JN' em suas férias", diz Carlos Nascimento, que comanda o "SP TV 2ª Edição".
"O 'Jornal da Band' é um programa em ascensão e não tenho a menor intenção de romper meu contrato com a emissora", diz o apresentador Paulo Henrique Amorim.
Ao trocar a Globo pela Bandeirantes, no entanto, Amorim saiu da emissora de Roberto Marinho alguns meses antes do final de seu contrato. "Tive de pagar multa rescisória", admite.
Chico Pinheiro diz que "é uma honra ter o nome cogitado para ocupar um cargo em horário nobre no SBT". "Mas meu contrato com a Globo vai até o ano 2.000", ressalva.
O jornalista lembra que, quando trabalhava para a Rede Record, foi a emissora de Edir Macedo que rompeu o contrato. Na época de sua saída, em outubro de 1995, Pinheiro disse que a Record proibia a abordagem de assuntos que chocavam com os interesses da Igreja Universal -sendo que seu contrato havia sido firmado com a garantia de total liberdade editorial.
Outro profissional a negar qualquer interesse em assumir o posto de Casoy no "TJ Brasil" é Marília Gabriela, que também comanda o programa "Aquela Mulher" no canal pago GNT. "Não há qualquer fundamento", declara.
Pivô
Eliakim Araújo e Leila Cordeiro dizem estar "torcendo" para que a emissora encontre um substituto para Casoy sem promover um remanejamento no jornalismo na emissora. "Estamos felizes no nosso horário", comenta Araújo.
O jornalista não se considera um dos pivôs da saída de Casoy do SBT. A direção da emissora teria determinado que o casal apresentaria a edição de sábado do "TJ", o que teria contrariado o âncora. "Também ouvi que Silvio Santos teria imposto o nosso nome para apresentar o telejornal do Boris aos sábados. Mas, para nós, nunca disseram nada."
Na opinião de Araújo, nenhum jornalista conseguirá substituir Casoy. "É preciso zerar e começar de novo, talvez até mudando o nome do programa. O Boris criou um estilo próprio, impossível de seguir. Se tivermos de apresentar o telejornal, vamos fazer um novo produto, dar a nossa cara."
Segundo Lucas Mendes, correspondente da TV Cultura em Nova York e coordenador do "Manhattan Connection" do GNT, Casoy deve se certificar de que terá mesmo liberdade na Record.
"Quando eu trabalhava para eles (de 1990 a 92), Edir Macedo me pediu para fazer um documentário sobre a Igreja Universal e demorou uma hora e meia para entender que a minha resposta era não. Ele pensa que jornalista é como engenheiro. Você dá as instruções e ele executa o serviço."

Leia mais sobre mudanças nos telejornaisà Pág. 4-3

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