São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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DEPOIMENTO

"Resolvi ter um filho depois de seis anos de casada e de fazer uma porção de coisas básicas: viajei bastante, comprei um apartamento, tinha carro e seguro-saúde para o parto.
Usava DIU e achei que para engravidar era só retirá-lo. Não foi bem assim. Durante os dois anos que se passaram, até eu conseguir engravidar, surgiram muitas dúvidas.
Além de problemas com meu organismo, descobri que meu marido sofria de oligoespermia (número reduzido de espermatozóides).
Enquanto os médicos tentavam resolver o que eles chamam de 'infertilidade do casal', eu e meu marido colocávamos um a culpa no outro. Um dia, esqueci o assunto. Um mês depois, engravidei. Meu marido ficou felicíssimo nos primeiros três dias. No quarto, apareceu com uma cara esquisita e perguntou na lata: 'O filho é meu mesmo?'
Saí de casa na hora e fui para um flat -ele foi me buscar, eu voltei para casa, mas só para ter o filho e planejar a separação. Não ia ficar com um sujeito que, depois de oito anos, suspeita de uma coisa dessas.
O pior é que a suspeita nunca se desfez: ele só quis que eu voltasse para casa porque ficaria pior para explicar a história depois.
Tanto que, a partir daí, nosso relacionamento ficou completamente falso. Ele fez fotos ouvindo a minha barriga, depois no hospital, dando flores para mim, uma hipocrisia daquelas. Eu deixei, porque sabia o que ia acontecer. Quando meu filho fez um ano, eu me separei e nunca mais vi o pai.

Lourdes D., 36, é esteticista

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