São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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Preços convergem para níveis internacionais

CLAUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase três anos de Real tiraram de São Paulo a condição de cidade mais cara entre as sete cujos preços foram comparados pela Folha.
A liderança foi assumida por Paris. São Paulo ficou em segundo lugar e o Rio, em terceiro. A diferença entre as que subiram ao pódio é muito pequena. Ou seja, as duas cidades brasileiras continuam sendo lugares caros para viver.
Para chegar a essa conclusão, a Folha refez o itinerário de consumidores hipotéticos que compraram as mesmas coisas em Londres, Nova York, Buenos Aires e Pequim, além das três já citadas. A primeira pesquisa do gênero havia sido feita em fevereiro de 95.
Os levantamentos -na página anterior- abrangem 36 itens de produtos e serviços pesquisados no mesmo período. A reportagem não pretende ser uma pesquisa científica -serve apenas como termo de comparação geral dos preços praticados nessas cidades.
Comprando os mesmos produtos, o consumidor gastaria US$ 17.113,91 em Paris e US$ 17.110,47 em São Paulo. A diferença entre as duas contas é de apenas US$ 3,44. Em fevereiro de 95, ela chegou a ser de US$ 4.732.
"A conclusão mais correta a ser tirada, sem nenhuma ponderação, é que São Paulo possui preços mais próximos aos do resto do mundo", afirma Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Grande parte dos produtos e serviços é mais cara nas cidades brasileiras do que no resto do mundo. Os salários médios do Brasil também estão entre os mais baixos.
Para comprar a mesma calça Levi's, por exemplo, o consumidor vai gastar US$ 81,80 em São Paulo e US$ 28 em Nova York.
Já um corte simples de cabelo, por exemplo, custa US$ 18,70 em São Paulo e no Rio, contra US$ 15 em Nova York e US$ 14,70 em Londres. Em Pequim, o consumidor gastaria apenas US$ 1,80.
Os eletrodomésticos também são mais caros em São Paulo. Uma TV de 20 polegadas custa, em média, US$ 375. Em Nova York, sai quase pela metade do preço.
Alimentos
Os preços dos alimentos em São Paulo foram os que registraram as maiores mudanças entre a pesquisa feita em fevereiro de 95 e agora. Eles subiram menos que a inflação no país nesse período. Em 95, grande parte dos alimentos pesquisados na cidade tinha preço mais alto do que no exterior.
Atualmente, os preços dos alimentos em São Paulo e no Rio já estão mais próximos aos das outras cidades. Na comparação com elas, São Paulo e Rio apresentam os valores mais baixos.
Em São Paulo, por exemplo, para comprar os 13 produtos da lista do supermercado (leite, bolacha, sucrilhos, arroz, geléia, frango, cerveja, iogurte, pão de fôrma, detergente, sabão em pó, sabonete e xampu) o consumidor gastaria US$ 17,13. No Rio, US$ 17,41.
A conta de supermercado mais alta foi registrada em Paris. Lá, o consumidor gastaria US$ 26 para comprar produtos equivalentes.
A alta no preço dos alimentos em geral foi de 39,9% após a implantação do Real. No mesmo período, a inflação no país ficou em 63,71%.
Esses dados não abrangem exatamente o mesmo período pesquisado pela Folha, mas, de acordo com a Fipe, podem indicar que a tendência de alta dos alimentos não acompanha a alta da inflação.

Colaboraram a Sucursal do Rio e os correspondentes em Nova York, Paris, Londres, Buenos Aires e Pequim

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