São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997 |
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Preconceito ronda casa pré-fabricada
OSCAR RÖCKER NETTO
Uma das razões é que, até agora, a casa de madeira é encarada, na maioria dos casos, como uma segunda opção de moradia -a casa da praia ou de campo. Além disso, de acordo com profissionais que trabalham no mercado, o setor enfrenta um forte preconceito no Brasil (veja texto nesta página). Mas esse quadro dá sinais de estar sendo revertido. Segundo Márcio de Almeida, 39, da Casema Sistema Construtivo, a empresa deve terminar neste ano com 870 kits de casas vendidos (entre 20 mil e 30 mil m2), um desempenho 30% melhor do que o do ano passado. Mudança Não há números oficiais do setor, mas Almeida estima que sua empresa detenha metade do mercado no Estado de São Paulo. A reversão se deve, segundo ele, à estabilidade econômica. Com o plano Real, o principal público consumidor -que fica nas faixas de C a A- está viajando mais e vendo como a casa de madeira é utilizada no exterior. "Isso diminui o preconceito", assegura. Já a Eurocasmad, empresa de origem alemã, espera até outubro estar comercializando mensalmente entre 7.000 e 8.000 m2 de casas pré-fabricadas. Hoje, vende 1.500 m2 por mês. O consumidor precisa ter cuidados. A qualidade de uma casa pré-fabricada depende de fatores básicos, como sistema construtivo adequado, qualidade de material e seriedade da empresa que fornece o produto e/ou o serviço de montagem -as mesmas precauções que devem ser tomadas em qualquer tipo de construção. Valorização Segundo Márcio de Almeida, cerca de 70% das casas construídas nos EUA são de madeira. "É até incongruente importar material e não utilizar madeira no Brasil, principalmente nos Estados do Norte", diz Vera Fernandes Hachich, 35, pesquisadora do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), órgão ligado à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. Em decorrência da falta de mercado, boa parte da indústria também ficou para trás. "O brasileiro desaprendeu a construir com madeira", diz Pedro Afonso de Oliveira Almeida, 35, professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), mestre e doutor no assunto. "Por isso, a indústria do cimento evoluiu, e a da madeira não." Para ele, a qualidade da casa pré-fabricada depende do projeto. "A concepção é diferente. A madeira, por exemplo, não deve ter contato direto com o solo." Um dos reflexos dessa situação é a falta de profissionais aptos a trabalhar com o produto. "As faculdades não ensinam o trabalho com a madeira", diz Oliveira. Segundo ele, as empresas brasileiras reagiram de duas formas: enquanto algumas foram ao exterior buscar tecnologia, e conseguiram ser competitivas, outras ficaram estagnadas. LEIA MAIS sobre casas de madeira à pág. 6-9 Próximo Texto: Colonizador preferiu pedra Índice |
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