São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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GABRIELA MICHELOTTI

Médicos estudam novo remédio que deve revolucionar tratamento para a impotência
Um novo medicamento promete revolucionar o tratamento para a impotência. O sildenafil, a primeira droga por via oral para combater a doença, deverá ser lançado até o final do ano que vem na Europa e nos Estados Unidos pelo laboratório Pfizer.
Segundo o urologista Sidney Glina, do Instituto H. Ellis, o medicamento é totalmente diferente de tudo que já existe no mercado contra a impotência.
O remédio foi criado para controlar as dores causadas pela angina e descobriu-se que seu principal efeito colateral -fortes ereções e melhora no desempenho sexual- podia se transformar na sua principal indicação.
O sildenafil, um vasodilatador, inibe uma enzima que impede o relaxamento da musculatura do corpo cavernoso, necessário para ocorrer a ereção.
Os estudos feitos pela Sociedade Americana de Urologia mostram que há sucesso em 77% a 80% dos casos. "Testes feitos com paraplégicos mostram que, com um estímulo elétrico combinado ao sildenafil, ocorre ereção em 70% deles", diz Glina.
Mas o sildenafil não vai acabar com todos os problemas sexuais dos homens. "O indivíduo que tem ejaculação precoce continuará a ter e quem não tem desejo também não vai conseguir a ereção."
Segundo Plínio Moreira de Góes, assistente do Grupo de Andrologia do Hospital das Clínicas, o medicamento não será útil também em casos nos quais houver uma grande disfunção arterial.
"Os números são otimistas demais. Se houver uma fibrose ou se a artéria estiver entupida, o relaxamento não vai causar a entrada de sangue para a ereção", diz Góes.
Antes do sildenafil, uma das substâncias mais usadas para combater a impotência era a prostaglandina, aplicada na forma de injeção ou supositório uretal.
Ao contrário do sildefanil, que inibe a enzima que não deixa o músculo relaxar, a prostaglandina age diretamente sobre o músculo. Se o paciente usá-la, terá ereção mesmo sem desejo. O sildenafil apenas facilita o relaxamento, mas não provoca a ereção sem desejo.
No Brasil, segundo Glina, os testes com o sildenafil devem começar em um mês, mas ainda não há previsão para o seu lançamento no mercado.

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