São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997 |
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Separatistas preparam Constituição
MARCUS BATISTA
A medida foi tomada por 120 separatistas, que promoveram no último final de semana o 2º Encontro de "São Paulo do Sul", na Câmara Municipal de Itanhaém (110 km de SP). "São Paulo do Sul" seria um novo Estado, composto por 55 cidades numa área equivalente a 16% do Estado de São Paulo. O grupo de estudos, além de elaborar a Constituição, deverá voltar-se para três aspectos: a definição da geografia da região, o controle das riquezas naturais e a redução das dificuldades sociais. "Não podemos fechar os olhos para a miserabilidade da região, que atinge 80% dos habitantes", disse Cláudio Oliva, 45, ex-vereador em Itanhaém e integrante do movimento separatista. Os separatistas também pretendem expandir suas propostas junto à população. Para isso, a idéia é intensificar as reuniões, atingindo todas as 55 cidades de "São Paulo do Sul". "Se for possível, faremos 55 encontros para conscientizar a sociedade. Depende muito da expansão do movimento", afirmou Oliva. Segundo apurou a Folha, os separatistas não se incomodaram com a entrega de um manifesto contra o movimento para o governador de São Paulo, Mário Covas. O documento, elaborado por prefeitos de 17 municípios da região, chegou às mãos do governador durante uma reunião na última sexta-feira. "Não há outro jeito. A separação é a única saída de promover o Vale do Ribeira", declarou o ambientalista Ernesto Zwarg, um dos líderes do movimento. Índios Cerca de 80 índios guaranis da aldeia Rio Branco compareceram, no sábado à tarde, ao plenário da Câmara Municipal de Itanhaém para apoiar as propostas de emancipação. Três representantes chegaram a fazer discursos em prol da separação. Um deles discursou em guarani. Vivendo num alto grau de miséria na aldeia, que fica a 38 km do centro de Itanhaém, os índios vêem a emancipação como única chance de recuperar as raízes de sua cultura. "É a nossa única chance de se desenvolver", disse o cacique Arlindo Vicente da Silva, 20. A tribo não conta com assistência médica, transporte e sequer participa de programas de educação. Apenas um deles sabe ler e escrever. O índice de mortalidade infantil é alto. Quatro das 20 crianças morreram este ano de pneumonia. Muitos adultos acabam dominados pelo alcoolismo. Mesmo apoiando o movimento, os indígenas querem resultados a curto prazo e até desconfiam de promessas dos separatistas. "Mais uma vez vou esperar. Não quero ficar de novo chupando o dedo", afirmou o guarani Júlio Karai Martins da Silva, 36. Texto Anterior: FHC abre hoje balanço da Eco-92 na ONU Próximo Texto: LIVROS JURÍDICOS Índice |
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