São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Novo jato limpa o horizonte da Embraer

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os contratos fechados na semana passada pela Embraer no exterior deram novo fôlego à empresa, que, desde a privatização em dezembro de 94, passa por sérias turbulências.
No ano passado, por exemplo, o prejuízo foi de US$ 40 milhões, pelo critério da correção integral do balanço, número que chega aos US$ 122 milhões, pela legislação societária.
Neste ano, o faturamento total da empresa foi de US$ 380 milhões. Segundo analistas de investimento ouvidos pela Folha, o faturamento em 97 deve ser de algo entre US$ 800 milhões e US$ 900 milhões.
Com isso, a empresa deve conseguir equilibrar seus números, ficando, na pior das hipóteses, com um pequeno prejuízo, ou, na hipótese otimista, com modesto lucro.
O fato é que o futuro da empresa está literalmente nas asas do jato EMB-145, modelo de 50 assentos, criado para rotas regionais.
Na semana passada, a empresa norte-americana de aviação American Eagle, subsidiária da American Airlines, anunciou a compra de 67 unidades por US$ 1 bilhão.
Já a Continental Express, empresa regional também norte-americana da Continental Airlines, fechou a compra de 25 unidades por US$ 375 milhões.
A Continental anunciou ainda a compra firme de outras 25 unidades, ou seja, são aviões que dificilmente deixarão de ser vendidos, já que a desistência implica o pagamento de pesadas multas. Deve comprar ainda outros 150 EMB-145.
Esses negócios, no entanto, não devem aumentar o faturamento da empresa neste ano, já que o pagamento dos aviões ocorre a partir do momento da entrega.
Reestruturação
Desde que foi privatizada, a Embraer passa por um processo de reestruturação, comandado pelos novos controladores, os fundos de pensão Sistel (dos funcionários da Telebrás) e Previ (fundo do Banco do Brasil) e ainda o banco carioca Bozano, Simonsen.
Nesses dois anos e meio de administração privada, os novos controladores já enxugaram o quadro de funcionários e, mais importante, deram uma injeção de recursos na empresa.
A dívida da empresa atualmente, no entanto, ainda é pesada, girando em torno de US$ 580 milhões, sendo que desse total US$ 215 milhões são dívidas de curto prazo.
Marcelo Starec, analista do Bozano, Simonsen, diz que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem atuado de forma decisiva na boa performance do EMB-145.
Isso porque o banco, por meio do seu programa Finamex, financiará os importadores dos aviões da Embraer, cobrando taxas de juros compatíveis com as do mercado externo.
"A participação do BNDES sem dúvida viabilizou os contratos do EMB-145", avalia o analista.
Mas ele também credita o sucesso da operação ao menor custo do avião brasileiro (US$ 15,5 milhões) e a suas qualidades técnicas.
Starec afirma que o modelo da Embraer custa entre 10% e 15% menos que o seu principal concorrente, o Canadair RJ, da indústria canadense Bombardier Inc.

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