São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997
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Maria Esther Bueno recebe homenagem

THALES DE MENEZES

THALES DE MENEZES; PAULO BRAGA
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Tricampeã do torneio, a brasileira é uma das convidadas da festa de inauguração da nova quadra número um

A brasileira Maria Esther Bueno, tricampeã do torneio de Wimbledon, será uma das homenageadas hoje na cerimônia de inauguração da nova quadra número um do clube de Londres onde é disputado o campeonato.
A organização convidou para a festa todos os atletas que ganharam o torneio três ou mais vezes. A cerimônia será conduzida pelo duque de Kent, patrono do clube.
A brasileira venceu em 1959, 1960 e 1964 e perdeu a final em 1965 e 1966.
No masculino, estarão presentes os americanos Pete Sampras e John McEnroe, tricampeões do torneio, o alemão Boris Becker, que também venceu três vezes, além dos australianos Rod Laver, tetracampeão, e John Newcombe, que ganhou por três vezes.
No feminino, além da brasileira, serão homenageadas as atletas dos EUA Martina Navratilova, com nove títulos, Billie Jean King, que venceu seis vezes, e Louise Brough, quatro vezes campeã.
Também participam as tricampeãs Margaret Court (Austrália) e Chris Evert (EUA).
A nova quadra número um de Wimbledon tem capacidade para 11.400 espectadores. A quadra central, inaugurada em 1922, acomoda cerca de 15 mil pessoas.
Peça anacrônica
O evento combina as duas estratégias que os organizadores de Wimbledon estão empregando para revitalizar o torneio.
Embora ainda seja considerada o maior campeonato de tênis do mundo, Wimbledon cada vez mais sente os efeitos de ser uma peça anacrônica no circuito.
O que antes era apenas tradição, algo sempre muito marcante para os ingleses, está ganhando status de pitoresco.
No ano passado, a sucessão de derrotas dos principais cabeças-de-chave nas rodadas iniciais do torneio levantou a questão: ainda vale fazer um torneio na grama?
Antes, os melhores tenistas do mundo não menosprezavam Wimbledon e tratavam de procurar uma adaptação pelo menos razoável ao piso.
Hoje, já existem jogadores entre os "top ten" que estão deixando de comparecer ao torneio, como o austríaco Thomas Muster.
Como parece impossível que os ingleses mudem o piso quase sagrado de Wimbledon, a idéia é reforçar a tradição do torneio, sem deixar de buscar inovações para o conforto da platéia.
A inauguração de hoje é o melhor exemplo disso. A mensagem é clara: vejam Rod Laver e Maria Esther Bueno, lendas vivas do tênis, estamos fazendo uma nova era em quadras de grama para conservar esta bela página do tênis.
O melhor presente que os organizadores podem ganhar é uma vitória de Pete Sampras. Afinal, o maior torneio do tênis merece ser vencido pelo melhor jogador da atualidade, pensam os ingleses.
A lembrança da final passada, descontada a aparição de uma mulher nua correndo no meio da quadra central, continua assustadora para os organizadores.
Nem tanto pelo campeão, o holandês Richard Krajicek, que já frequenta os "top ten" há algum tempo, mas principalmente pela incômoda presença de MaliVai Washington como vice-campeão.
Sem nenhum preconceito de cor -Washington é negro-, o que incomoda é o fato de que nem esse vice-campeonato serviu para consolidar o jogador sequer entre os "top 20".
Construir quadras mais modernas e louvar a tradição centenária de Wimbledon é um bom plano, mas talvez não resista a uma nova zebra na final.

Colaborou Paulo Braga, de Londres

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