São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 1997 |
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Na Rússia, esqueça dos ianques
FERNANDO CANZIAN
Não compare ou perca tempo tentando procurar similaridades. Ao contrário: observe as diferenças, que ainda estão por lá, mas que já começam a desaparecer. Na ex-Meca do anticapitalismo, a ladainha comum do mercado já se instalou, e está tocando. Por isso, aproveite o que resta do passado, de uma história e de um regime monumentais que faliram. Ainda é tempo. Mas o fato é que a velha Rússia dos czares e "vermelhos" já está muito parecida com o resto. E é impressionante e aparente o esforço que o país faz para ficar parecido com os outros, como todos. Ao contrário do que prega a propaganda americana, a Rússia não emergiu do comunismo como um país do Terceiro Mundo. Afirmar uma coisa dessas equivale a dizer que o Brasil está prestes a entrar para o Primeiro. Há muita coisa por fazer no país, principalmente porque ele quer correr no mesmo trilho das grandes potências. Mas o básico e muito mais, na Rússia, estão prontos para ultrapassar muita gente. Estresse O que falta não são detalhes: de um sistema financeiro confiável à total compreensão do que significará -para quem viveu sempre sob o guarda-chuva do Estado (por melhor ou pior que fosse)- entregar-se totalmente ao laço do capitalismo neoliberal. Mas esses problemas, que são da Rússia e dos russos, nem de longe parecem estressá-los. Ao contrário, eles estão muito à vontade, ainda, no novo mundo de preços e marcas que se abriu sob seus pés. Aos de passagem, o fascinante é observar as contradições que ainda existem. Na chegada, um conselho: vodca. Se possível, uma dose da finíssima Crystal, para entrar no clima, mesmo que seja durante o dia ou ainda pela manhã. Na Rússia, como os russos. Próximo Texto: Números russos Índice |
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