São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997 |
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Paulo Afonso quer reunir 50 mil contra impeachment Deputados vêem "clima de guerra" e temem "tragédia" CARLOS ALBERTO DE SOUZA
A manifestação tem o objetivo de pressionar o Legislativo a não aprovar o seu afastamento do cargo. O Executivo, segundo a assessoria do governador, já contratou 700 ônibus para trazer manifestantes do interior. A Assembléia deve votar hoje um requerimento que "responsabiliza" Paulo Afonso por quaisquer incidentes que possam ocorrer devido à votação do impeachment. O requerimento, de autoria da bancada do PPB, não tem efeito legal, mas é um "elemento institucional que joga a responsabilidade para ele (Vieira)", disse ontem o presidente da Assembléia, Francisco Kuster (PSDB). Kuster disse que o governo está criando um "clima de guerra" com a intenção de "encurralar" os deputados. Ele não descartou a hipótese de convocação do Exército, embora tenha dito que confia na PM, subordinada ao governador, para controlar a situação. "Eles (soldados do Exército) estarão de prontidão. Tenho conversado com o general (comandante do Exército em Santa Catarina)", afirmou Kuster. O deputado Jorginho Mello (PSDB) disse que poderá ocorrer uma "tragédia", referindo-se ao fato de que manifestantes a favor do impeachment também devem se reunir em frente à Assembléia. O presidente do Legislativo declarou que o governo está dando "compensação pecuniária", além de transporte e liberação do trabalho, para que funcionários públicos estaduais participem das manifestações que estão sendo realizadas diariamente diante da Assembléia e no plenário. "O cenário desenhado pelo governo é de desespero, de quem se revela capaz de fazer qualquer coisa para permanecer no poder, usando até pessoas contrariadas, que fazem coro nos atos por medo", disse Kuster. Segundo ele, o governador e seus ``fanáticos seguidores" estão tentando ``carcear" o livre posicionamento dos deputados. ``Há uma ação do lado do governador nessa direção. É um atentado, um golpe na democracia." Outro lado O secretário da Casa Civil do governo, Eduardo Pinho Moreira, disse estranhar a decisão da Assembléia de votar o requerimento que responsabiliza o governo por eventuais incidentes. Segundo ele, a mobilização é partidária e não do governo. Moreira disse acreditar que não acontecerá "nada" de anormal durante o ato público. "A manifestação não deve ser coibida. Está havendo cuidado da PM para garantir a tranquilidade", declarou o secretário. Ele disse desconhecer o suposto pagamento aos participantes de manifestações contra o impeachment, denunciado por Kuster. Hoje, lideranças nacionais do PMDB devem participar de um ato de apoio ao governador do Estado, acusado da emissão irregular de títulos públicos. Texto Anterior: É melhor prevenir Próximo Texto: O placar do impeachment em SC Índice |
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