São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Forças Armadas temem efeito cascata

LUCAS FIGUEIREDO; RENATA GIRALDI

RUI NOGUEIRA
secretário de Redação da Sucursal de Brasília
As Forças Armadas temem o "efeito cascata" da rebelião dos policiais militares de Minas Gerais e apontam três motivos básicos para a insatisfação dos escalões mais baixos da tropa:
1- A política salarial promovida por alguns Estados, que dá aumentos diferenciados para coronéis e outros escalões mais elevados da Polícia Militar.
2- O engajamento cada vez maior de soldados e cabos em associações e sindicatos, por não se sentirem representados pelos seus superiores nas reivindicações trabalhistas.
3- As promoções a coronel na PM seriam cada vez mais políticas e influenciadas pelos parlamentares aliados dos governos estaduais.
Essa visão da situação das PMs foi levantada pela Folha com participantes de pelo menos duas reuniões militares realizadas ontem em Brasília. Em uma delas, o Rio foi citado como o Estado com maior probabilidade de ter uma rebelião nos moldes da mineira.
As Forças Armadas esperam que a comissão criada recentemente, no âmbito do Ministério da Justiça, para propor mudanças na estrutura das polícias militares, apresse os estudos.
Depois da aprovação da Constituição de 88, as Forças Armadas deixaram de ter qualquer jurisdição sobre as PMs do ponto de vista de treinamento e filosofia de trabalho. Diretamente, o Exército controla apenas o armamento.
Planalto
O presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu com "preocupação" os conflitos entre os policiais de Belo Horizonte e colocou o Exército à disposição do governador Eduardo Azeredo.
Segundo o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, a preocupação deve-se sobretudo ao fato de "a Polícia Militar de Minas Gerais ser uma das mais bem-formadas do país".
O porta-voz disse que FHC está sendo informado sobre os acontecimentos em Belo Horizonte e ficará a critério de Azeredo decidir o período de manutenção do Exército e a necessidade de mais homens.
O presidente interino da República, Marco Maciel, determinou a mobilização do Exército para controlar a rebelião e guardar o Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, com base na Lei Complementar 69, de julho de 91.
Essa lei define como as Forças Armadas podem ser empregadas dentro e fora do país. A preservação da segurança pública e da ordem está entre os motivos que podem levar os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) a convocar as Forças Armadas.

Colaboraram Lucas Figueiredo e Renata Giraldi

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