São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Técnico prepara Tyson para usar a cabeça

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

Domar Mike Tyson é a tarefa que Richie Giachetti, seu treinador, tem em mãos para a revanche contra Evander Holyfield, pelo título dos pesos-pesados da Associação Mundial, sábado, em Las Vegas.
Técnico de Tyson nas quatro lutas seguintes à derrota para James Douglas, Giachetti volta para torná-lo um lutador obediente.
Em entrevista à Folha, Giachetti analisou as possibilidades de Tyson derrotar Holyfield e fez um balanço do combate anterior.
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Folha - Comentaristas têm afirmado que Mike Tyson perdeu o "instinto assassino". Ele perdeu o tesão pelo boxe?
Richie Giachetti - O problema de Mike é justamente o contrário. Ele tem tanta vontade de bater que acaba se esquecendo de usar a cabeça, de escutar o córner.
O trabalho que fizemos e a mudança que vocês vão sentir na luta de sábado é que Mike, o verdadeiro Mike, está de volta. Ele vai manter o instinto assassino, mas vai recuar quando for preciso, saberá se defender, usar a cabeça.
Folha - E você é a cabeça dele?
Giachetti - Ele acredita em mim, confia em mim. É por isso que eu estou aí, porque sei como trazê-lo de volta. Não é a primeira vez que farei esse papel, e ele sabe disto. Formamos uma bela dupla.
Folha - No início da carreira de Tyson, seus adversários entravam no ringue com medo, na defensiva. Depois da derrota para Holyfield, Tyson não parece mais ser um bicho-papão. Qual será o efeito psicológico daquela primeira luta na revanche?
Giachetti - Mike sabe que precisa vencer para ter a respeito de volta. Aprendeu que não pode desvalorizar nenhum oponente. Vai lutar com os músculos, com o coração e com a cabeça.
Folha - Qual é o segredo para Tyson recuperar o título?
Giachetti - Você verá sábado.
Folha - Por que Tyson perdeu a primeira luta contra Holyfield?
Giachetti - Naturalmente, Mike perdeu porque cometeu erros.
Folha - Por exemplo?
Giachetti - Mike não soube usar os jabs; seu adversário, sim.
Agora, ele vai conter o golpe com as luvas, não com um girar de corpo ou de pescoço, além de soltar mais seus próprios jabs, um golpe que ele sabe dar, sim, mas não usou em novembro.
Folha - O jab foi o fundamento que vocês mais treinaram?
Giachetti - Um dos, mas não diria que o mais. Treinamos muito a movimentação de Mike dentro do ringue.
Na primeira luta, você deve ter notado que Holyfield dava um passinho para trás, o suficiente para que Mike socasse o ar e perdesse o balanço. E aí Holyfield aproveitava o contra-ataque, e você já viu...

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