São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 1997
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Sinfônica alemã chega sem Ashkenazy

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O regente alemão Marek Janowski substituirá Wladimir Ashkenazy nos concertos da Orquestra Sinfônica Alemã no Teatro Municipal, que acontecem hoje e amanhã, na série do Mozarteum Brasileiro.
Os ingressos têm venda antecipada na bilheteria do Municipal.
Diretor musical da orquestra, Ashkenazy ficou impossibilitado de vir ao Brasil devido a uma operação de câncer de próstata realizada no último dia 12.
Amanhã, Wladimir Ashkenazy também deveria se apresentar como pianista, mas será substituído pelo norte-americano Jon Nakamatsu, que, no último dia 7, venceu o concurso Van Cliburn, nos EUA.
A Orquestra Sinfônica Alemã foi fundada em Berlim, no lado ocidental do muro, por Walter Sieber em 1946, como Orquestra Sinfônica da Rádio de Berlim.
A orquestra só adotou sua denominação atual em 1993.
Construiu uma reputação sólida com base na realização de inúmeras gravações e teve como regentes titulares nomes consagrados como Ferenc Fricsay, Lorin Maazel e Riccardo Chailly.
Principal regente convidado da orquestra, o experiente Marek Janowski é também diretor musical da Filarmônica da Rádio da França.
Como maestro, pode se revelar uma atração mais interessante que Ashkenazy.
Sua discografia é vasta e inclui a primeira gravação da ópera "Os Demônios de Loudun", de Penderecki (Philips), e a integral dos concertos de Beethoven, com o pianista Gerhard Oppitz (RCA).
Janowski falou, de Zurique (Suíça), com exclusividade à Folha.
*
Folha - Como o sr. se sente ao substituir Wladimir Ashkenazy no Brasil?
Marek Janowski - Tenho grande respeito por ele. Entretanto, nunca fomos apresentados. Conheço muito bem a orquestra, da qual sou o principal regente convidado.
Folha - O que mudou com a troca do nome da orquestra, em 1993?
Janowski - Nada. A troca para Orquestra Sinfônica Alemã só aconteceu por causa da reunificação da Alemanha, para que não houvesse confusão com a outra Orquestra da Rádio de Berlim, que existia do lado oriental.
Folha - O sr. vai interpretar a "Sinfonia nº 5", de Gustav Mahler, um compositor pouco tocado pelas orquestras brasileiras. Qual a sua visão desta obra?
Janowski - Em primeiro lugar, sua informação me surpreende. Nos EUA e na Europa, Mahler é uma figura histórica, é visto como o último grande compositor sinfônico.
Suas obras são muito exigentes, tanto para a orquestra quanto para o público.
A "Sinfonia nº 5" é uma obra difícil de definir em poucas palavras. É uma obra de transição.
Nas sinfonias nº 2, 3 e 4, o elemento vocal está, de alguma forma, presente, enquanto que, da quinta até a sétima, Mahler só vai compor obras exclusivamente instrumentais.
Destas três, a quinta sinfonia é a mais otimista -se é que podemos dizer isto de alguma obra de Mahler.
O problema é que, devido ao filme ("Morte em Veneza", de Luchino Visconti), seu "adagietto" tem uma fama exagerada.
Essa popularidade imerecida do "adagietto" acaba ofuscando outras partes da sinfonia, como o seu terceiro movimento -talvez o maior scherzo da história sinfônica- e o final, que são verdadeiras obras-primas.
Folha - O sr. conhece os solistas com quem estará se apresentando?
Janowski - Jens Peter Maintz é o primeiro violoncelista da orquestra e o mais dotado jovem europeu em seu instrumento.

Concerto: Orquestra Sinfônica Alemã
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central; tel. 011/222-8698)
Quanto: de R$ 35 a R$ 100

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