São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997 |
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Governo de MG cede e dá reajuste a PMs
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO; PAULO PEIXOTO; FÁBIA PRATES
O líder dos PMs rebelados, o cabo Júlio César Gomes, saiu da reunião com representantes do governo mineiro dizendo que o impasse tinha acabado. Segundo ele, a assembléia marcada para as 10h de hoje foi cancelada. Ele afirmou que a proposta foi passada aos batalhões, durante as negociações, e foi aceita pelas tropas. As negociações entre o governo de Minas e policiais militares foi mais demorada do que o previsto. Até as 20h, o secretário estadual da Casa Civil, Agostinho Patrus, ainda discutia o reajuste salarial com uma comissão dos PMs. Depois de seis horas de reunião anteontem, o cabo Júlio César Gomes informou que o governo apresentaria uma proposta final até o meio-dia de ontem. O presidente da Coordenação Sindical, Renato Barros, disse que os funcionários civis também vão desencadear uma greve de todos os setores dos servidores se o governo fechar a porta para suas reivindicações. Com o governo mineiro cedendo de sua proposta inicial, que chegou a ser considerada o máximo possível, o funcionalismo civil deve pressionar por maiores salários. O cabo Júlio Gomes declarou, em intervalo da reunião, que os dois lados -polícia e governo- estavam demonstrando disposição em ceder quanto ao piso mínimo da Polícia Militar para atingir um valor entre R$ 517 proposto pelo governo e os R$ 800 reivindicados pelos policiais. O governador Eduardo Azeredo (PSDB) disse, durante a tarde, que os reajustes já oferecidos pelo seu governo são superiores à inflação durante seu mandato, que foi de 36% nos últimos dois anos e meio. "O governo está sendo muito tolerante. Está sentando à mesa de negociações com aqueles que estão insubordinados e passando sobre todas as regras de disciplina, mas estão buscando uma solução", disse, antes do acerto. Segundo ele, os reajustes já concedidos correspondiam a 53% para os soldados em começo da carreira e os 24,5% de aumento no piso salarial da PM, oferecidos no último sábado, são superiores aos 10% a 18% dados aos oficiais. "É um absurdo que as reformas não tenham sido aprovadas até agora." Negociações A reunião entre o secretário Patrus, o comando-geral da PM de Minas e a comissão de policiais aconteceu no gabinete da Casa Civil, anexo ao Palácio da Liberdade (sede do governo mineiro). Azeredo foi pessoalmente à reunião e fez um apelo direto aos líderes dos rebeldes para que eles reconheçam o esforço que está sendo feito pelo governo e aceitem a proposta de aumento. O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Serafim Fernandes de Araújo, e o pastor da Igreja Metodista Central da cidade, Antônio Augusto de Souza, participaram da reunião. Junto com os presentes, o pastor fez uma oração e dom Serafim rezou o "Pai Nosso". O comandante militar do Leste, general-de-exército José Luiz Lopes da Silva, foi recebido ontem na 4ª Divisão do Exército, na zona sul de Belo Horizonte, com tiros de canhão. Às 11h30, ele se encontrou com o governador Eduardo Azeredo e, segundo nota oficial do governo de Minas, os dois fizeram uma avaliação do movimento dos policiais militares. (CARLOS HENRIQUE SANTIAGO, PP E FÁBIA PRATES) Próximo Texto: Sociólogo vê inabilidade Índice |
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