São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997
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Liberar drogas ajuda tráfico, diz especialista

Documento orienta governos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A descriminalização do uso de drogas no país pode provocar propagação do narcotráfico e aumento incalculável de usuários, segundo especialista da ONU (Organização das Nações Unidas).
"Seria o maior veneno do mundo legalizar o uso de drogas no Brasil", afirmou o diretor do Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas para América Latina e Caribe, Aldo Lale-Demoz.
A afirmação foi feita durante divulgação do relatório das Nações Unidas sobre drogas, que analisou o uso e o tráfico no Brasil, Austrália, Colômbia, Itália, Paquistão, Suécia, Tailândia, Reino Unido e EUA. O documento traz orientações aos governos -avalia-se que a disseminação da droga tem particularidades em cada país.
O Brasil é o terceiro colocado no uso de drogas químicas (como anfetaminas e psicotrópicos) na América Latina, atrás apenas de Chile e Argentina. No papel de "corredor do tráfico", o Brasil é responsável apenas por 2 a 3% do narcotráfico nas Américas.
Os maiores consumidores são os EUA e o Canadá, e os principais produtores, segundo o relatório, continuam sendo a Colômbia, a Bolívia e o Peru. Já o principal "corredor" é a Venezuela.
Segundo o relatório, a maior preocupação em relação ao Brasil são os meninos de rua. Até o final do ano, uma parceria das Nações Unidas e o Confen (Conselho Nacional de Entorpecentes) vai elaborar o primeiro levantamento sobre o uso de drogas no país. Será gasto R$ 1 milhão.
Os dados indicam que, em 87, no Rio de Janeiro, 44,5% das crianças de rua usavam drogas diariamente, enquanto em São Paulo 70% dos adolescentes internados em centros de reclusão admitiam ter consumido ou traficado drogas.
Os psicotrópicos são duas vezes mais receitados às mulheres do que aos homens. "É incontestável o fato de termos todos os anos excessos de prescrições médicas. O fato de não termos fabricação clandestina de produtos químicos contribui bastante", disse o presidente do Confen, Luiz Matias Flach.

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