São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997
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Viúva acha contos inéditos de Callado

Ana Arruda veio a SP lançar livros do escritor

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

A jornalista e escritora Ana Arruda Callado localizou, em meio aos papéis deixados por seu marido, o escritor Antonio Callado (1917-1997), dois contos inéditos, prontos para serem publicados.
O primeiro é um texto de 19 laudas, com alguns dos mesmos personagens que seriam posteriormente desenvolvidos no romance "Sempreviva", de 1981.
Ana Arruda achou o conto há duas semanas e ficou muito impressionada. "Ele nunca tinha me falado desse texto. É o ovo do 'Sempreviva'. Provavelmente, ele desistiu de publicar porque teve a idéia de escrever o romance", diz.
A segunda história, intitulada "Kama-shastra ou a Mulher-fonte de Picasso", foi escrita com o objetivo de disputar um concurso de contos eróticos promovido pela revista "Playboy" há dois anos.
Ana Arruda diz que Callado se interessou pelo prêmio, um carro, e resolveu participar, mas acabou se esquecendo da data de encerramento das inscrições.
Esses dois textos são os únicos, até agora, que a viúva do escritor considera publicar.
Ana Arruda já doou dezenas de textos à Fundação Casa de Ruy Barbosa, no Rio. São textos -ela tem certeza- que Callado não gostaria de ver publicados. "São originais com anotações bem claras e concisas, como 'arquivar', 'não publicar' ou 'não vale a pena'. Esses textos podem servir para pesquisas, mas não para publicação", diz a jornalista.
Entre esses originais inéditos estão o último romance de Callado, "O Profeta Oseas", um outro romance, "Manoa", muitas peças e inúmeros contos.
A atriz Tessy Callado apresentou anteontem à noite, no auditório da Folha, a leitura da peça "Uma Rede para Iemanjá", escrita por seu pai no final dos anos 50.
Dois livros
A leitura marcou o lançamento de dois livros de Callado, "Crônicas de Fim do Milênio", uma reunião de 69 textos publicados na Folha, e a quinta edição de "Reflexos do Baile", publicado originalmente em 1976 e considerado pelo autor o seu melhor livro.
Os dois livros estão sendo lançado pela editora Francisco Alves.
Tessy Callado, que dirigiu a leitura de "Uma Rede para Iemanjá", está começando a levantar recursos para bancar a montagem desta peça.
Segundo ela, este é um dos três textos teatrais de Callado que, embora tenham sido publicados, jamais foram encenados comercialmente (os outros dois são "Forró no Engenho Cananéia" e "O Colar de Coral").
Uma peça mais famosa de Callado, que chegou a ganhar uma adaptação cinematográfica, "Pedro Mico", voltará a ser encenada, no Rio, a partir de 11 de julho, com direção de Pedro Vasconcelos.
Ana Arruda e Tessy Callado também estão animadas com um projeto de filmagem do romance "Bar Don Juan", seu relato sobre a chamada "esquerda festiva" carioca, publicado em 1971.
O próprio escritor chegou a dar autorização aos irmãos Tobias e Lucia Duarte, que já têm um roteiro pronto (em sua segunda versão) e estão tentando produzir o filme.
A família tem a expectativa de que ainda este ano seja publicada uma nova edição de "Quarup", o romance mais famoso de Callado, que, em 1997, está comemorando 30 anos de sua edição original.

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