São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 1997
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Após o choque, Mir economiza energia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os três tripulantes da estação espacial russa Mir precisaram trabalhar ontem no escuro. No dia anterior, a estação foi atingida por uma nave cargueira, durante testes -a avaria causou descompressão de parte da estação e o desativamento de parte do sistema de energia.
Por isso, alguns de seus equipamentos tiveram de ser desligados. Os três astronautas precisaram fazer movimentos lentos para economizar oxigênio.
Eles isolaram outro dos seis módulos que compõem a Mir, também para diminuir o consumo de eletricidade. Anteontem, para interromper a descompressão do ar que respiram, eles já haviam isolado o módulo atingido. O acidente foi o mais grave ocorrido no espaço, segundo especialistas dos EUA.
Enquanto isso, em Koroliov, nos arredores de Moscou (Rússia), especialistas do Centro de Controle de Vôos Espaciais buscavam um meio de fechar o buraco provocado pela colisão no módulo Spektr.
Os técnicos russos disseram que um dos tripulantes terá de sair da Mir, para um "passeio no espaço" de emergência com a finalidade de fazer o conserto por dentro ou por fora do módulo atingido. Esse passeio, entretanto, não pode ser feito imediatamente.
O controle da missão informou que a situação atingiu o "nível cinco de emergência". O nível sete significaria que a estação espacial deve ser abandonada.
Segundo o norte-americano Frank Kulbertson, gerente da missão espacial conjunta entre a Mir e os ônibus espaciais dos EUA, o acidente causou a perda de cerca de 50% das reservas de energia.
O impacto destruiu um dos painéis que captam energia solar e danificou uma das unidades transformadoras de energia. O buraco que foi aberto causou uma despressurização de 10% no interior do Spektr.
Os russos Vasili Tsibliev e Alexander Lazutkin e o norte-americano (nascido no Reino Unido) Michael Foale são os integrantes da atual tripulação da estação espacial de cerca de cem toneladas, que está há onze anos em órbita.
As autoridades russas informaram à Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço) que não há necessidade de os tripulantes abandonarem a Mir. Para isso, eles usariam a nave Soiuz, que está acoplada à estação espacial russa.
Segundo Iuri Koptev, diretor da agência espacial russa, não há ainda planos de evacuação. No entanto, ele disse também que a tripulação deverá entrar na Soiuz para retornar à Terra se a pressão do ar cair para 75% do normal.
Os técnicos espaciais norte-americanos têm manifestado preocupação com as condições de segurança da Mir desde fevereiro, quando um incêndio ocorreu durante 14 minutos.
O marechal Ievguêni Shaposhnikov, que assessora o presidente russo, Boris Ieltsin, em assuntos de aeronáutica e espaço, visitou ontem o Centro de Controle de Vôos Espaciais para fazer um relato posterior ao chefe do governo.

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