São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Sem-terra bloqueiam duas estradas em MS

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Trabalhadores rurais sem terra de dois acampamentos em Mato Grosso do Sul bloquearam ontem duas rodovias federais no Estado. Os acampamentos reúnem, no total, cerca de 2.500 famílias de sem-terra.
Cerca de 400 famílias interditaram, às 14h de ontem, a rodovia BR-267, principal via de acesso a São Paulo, no trecho próximo ao município de Bataguassu (MS).
Até as 17h30, a interdição continuava. Segundo policiais rodoviários, havia um grande congestionamento no local.
O protesto foi organizado pelo sindicato local de trabalhadores rurais, que é ligado à Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura).
Segundo o presidente do sindicato, João Vicente Ferreira, 55, os sem-terra protestavam contra suposta "perseguição" de patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal.
Ferreira disse que, nos últimos dias, foram apreendidos três veículos que prestavam serviço aos sem-terra.
Outros cinco motoristas, que também prestariam serviço às famílias, teriam sido multados pelos policiais.
As famílias acampadas também reclamam da falta de alimentação e da demora em conseguir assentamento.
O chefe da Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal, Rogério Espíndola, 26, disse que os patrulheiros estão cumprindo leis de trânsito.
"Os veículos estavam em péssimas condições", afirmou Rogério Espíndola.
Outro protesto
A rodovia BR-163, no sul do Estado, foi interrompida às 9h pelos sem-terra do maior acampamento do Estado, com 2.163 famílias, próximo a Itaquiraí (MS).
O protesto dos sem-terra terminou às 12h30. A polícia organizou um desvio que aumentou o percurso entre Campo Grande e a divisa com o Paraná em cerca de 170 quilômetros.
O acampamento, à beira da BR-163, é organizado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O movimento dos sem-terra organizou a interrupção da rodovia em protesto contra o resultado de vistoria divulgado na última quarta-feira pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O órgão considerou a fazenda Santo Antônio como "grande propriedade produtiva".
A fazenda, de 25,5 mil hectares, foi ocupada no último dia 8 de março e desocupada por ordem judicial em abril.

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