São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Reajuste de PM cria onda de reivindicações

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os funcionários públicos mineiros iniciaram ontem um movimento por um reajuste salarial igual ao concedido pelo governo estadual aos soldados da Polícia Militar de Minas Gerais, cujo piso passou de R$ 415 para R$ 615.
Até anteontem, a Coordenação Sindical do Funcionalismo Estadual reivindicava 39% de reajuste. Com o acordo entre governo e PMs, passou a reivindicar o mesmo índice dos soldados, 48,2%.
"Vamos pleitear a igualdade de tratamento, porque o governo não pode tratar o funcionalismo com dois pesos e duas medidas", disse Renato Barros, da coordenação sindical.
Governador
O governador Eduardo Azeredo, no entanto, disse que não serão concedidos novos reajustes ao funcionalismo. Segundo ele, o reajuste dos PMs foi "um aumento de emergência para evitar o pior".
Para os demais setores do funcionalismo, com exceção de policiais civis e guardas penitenciários, será mantido o abono fixo de R$ 45, anunciado há uma semana.
"Esse abono representa mais de 10% de aumento para a maioria dos funcionários. O piso salarial do Estado passou para R$ 165."
Segundo ele, o comprometimento da receita do Estado com a folha de pagamento, que era de 77%, já ultrapassa os 80%. Esse dado é questionado pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais, que calcula em 58% os gastos do orçamento com pessoal.
Azeredo disse ainda que não reconhece Renato Barros como interlocutor. "Não vejo nele credibilidade suficiente para falar em nome do funcionalismo."
Ao tomar conhecimento das declarações do governador, Renato Barros afirmou que não irá à reunião com o governo, marcada para a próxima terça-feira.
Guardas
Ontem, guardas de três penitenciárias do Estado pararam, mantendo apenas uma escala mínima de serviço. Eles reivindicavam um piso salarial de R$ 615, igual aos das polícias Civil e Militar.
Atualmente, eles recebem pelo menos R$ 234 por mês. Existem cerca de 1.400 guardas penitenciários em Minas Gerais.
Ruderson Ribeiro dos Santos, presidente da Asseij (Associação dos Servidores da Secretaria de Estado do Interior e Justiça), disse que eles foram inexplicavelmente excluídos da negociação.
"Nós participamos da manifestação de terça passada junto com os policiais civis e militares", disse.
Segundo ele, a paralisação atingiu penitenciárias de Contagem e Ribeirão das Neves, na região metropolitana, além de Ipaba, no Vale do Aço.
A Superintendência de Organização Penitenciária de Minas Gerais informou que os guardas trabalharam ontem normalmente nessas penitenciárias.
À tarde, representantes dos guardas se reuniram com o secretário de Estado da Administração, Cláudio Mourão, que concordou em equiparar seu salário ao dos carcereiros da Polícia Civil, que foi de R$ 229 para R$ 470.

Colaborou Paulo Peixoto, da Agência Folha em Belo Horizonte

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