São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Laudo aponta PMs atirando em sem-teto

Exame de imagens acusa mais 2

DA REPORTAGEM LOCAL

A perícia do Instituto de Criminalística identificou mais dois PMs suspeitos de balear os sem-teto no conflito entre a polícia e os invasores do Conjunto Habitacional Juta 2, em 20 de maio, na Fazenda da Juta (zona sudeste de São Paulo).
Os nomes dos PMs não foram divulgados. A prova contra os suspeitos é o laudo sobre o local do conflito, que é acompanhado por uma análise de três fitas de vídeo com imagens do confronto.
Um dos PMs seria o autor do tiro que matou o sem-teto Geracir Reis de Moraes. Um outro teria feito o disparo que feriu a perna esquerda de Leandro Aparecido Ribeiro.
Na segunda-feira, os dois policiais e outros que os acompanhavam serão ouvidos novamente na 8º Delegacia Seccional. "Esperamos identificá-los com certeza nesse dia", disse o promotor Francisco José Tadei Cembranelli.
Para o advogado Norberto da Silva Gomes, que defende os policiais envolvidos no caso, a conduta dos PMs "deixa patente que eles agiram em legítima defesa".
O trabalho entregue ontem pela perícia é semelhante ao que foi feito no caso das cenas de violência policial na favela Naval, em Diadema (Grande São Paulo).
Primeiro os peritos ordenaram cronologicamente as imagens. Em seguida, os rostos dos policiais foram ampliados e confrontados com as fotografias de suas fichas oficiais a fim de identificá-los.
O passo seguinte foi determinar, por meio das imagens, a trajetória dos disparos efetuados pelos policiais e demonstrá-las com animações feitas em computador.
"Assim provamos que a trajetória do tiro dado por um PM é compatível com o ferimento provocado por uma bala que atinge o sem-teto", afirmou a perita Glays Regina Soares de Oliveira.
Antes desse laudo, um outro, o das armas dos PMs, já havia apontado o policial militar Rui Pinto como o autor do tiro que matou o sem-teto Jurandir da Silva.
O único disparo que os peritos não puderam determinar uma autoria provável é o que matou o sem-teto Crispim José da Silva, assassinado com um tiro na nuca.
Ontem a perícia exumou o corpo de Silva para tentar encontrar algum novo fragmento da bala que o matou. Parte da bala já havia sido retirada, mas não permitiu a identificação da arma que a disparou.

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