São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Fogo destrói 10% da floresta da Tijuca

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O Corpo de Bombeiros está usando equipamentos obsoletos na tentativa de apagar o fogo que, em três dias, devastou quase 10% da área florestada do Parque Nacional da Tijuca.
Um balão provocou o incêndio na floresta da Tijuca. A carcaça do balão foi vista ontem de manhã por bombeiros e funcionários do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O combate aos quatro focos de fogo (nas localidades de Cotovelo, Sumaré, Ponta do Costão e Redentor) está sendo feito por 90 homens do Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente do Corpo de Bombeiros.
Os bombeiros usam equipamentos comprados há cinco anos. Um helicóptero cedido pela polícia joga 500 litros de água por vôo sobre os focos. "Não se pode falar em combate a incêndio florestal sem apoio aéreo. O ideal seria que vários helicópteros estivessem despejando água misturada com espuma", disse à Folha o comandante do grupamento, tenente-coronel Robson de Moraes.
Na avaliação do comandante, que sobrevoou o parque de manhã, o fogo destruiu 32 hectares de matas (ou 320 mil m2), área equivalente a 32 campos de futebol.
Espalhado pelas zonas norte, sul e oeste do Rio, o Parque Nacional da Tijuca tem uma área total de 32 mil hectares, segundo o Ibama.
O tenente-coronel disse que serão necessários cinco anos para a recuperação da área destruída pelo fogo, que matou tatus, macacos, aves e répteis.
Além da chamada ação corpo a corpo, com abafadores, borrifadores e enxadas usados desde 1992, os bombeiros tiveram de manhã o auxílio de um helicóptero da Aeronáutica. O problema é que o helicóptero não se adaptou à caçamba, carregada como um pêndulo debaixo da carroceria, e teve que ser devolvido à Aeronáutica.
O jeito foi usar o helicóptero policial. Só que, por causa do vento forte e da distância entre o ponto de coleta da água e o local do fogo, quando o helicóptero da polícia chegava às áreas incendiadas não havia quase mais o que despejar.
O Corpo de Bombeiros também não usou a espuma química que retarda a propagação do fogo. "Não temos essa espuma. Somos meio kamikazes", disse o comandante do grupamento.
O Ibama anunciou a intenção de cobrar o reflorestamento da área destruída à Associação dos Baloeiros do Rio.
À tarde, os bombeiros consideravam o incêndio controlado. Segundo eles, o fogo continuava em uma área cercada, sem chances de propagação. Um outro balão atingiu anteontem o morro da Fonte da Saudade (zona sul), provocando fogo no local.

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