São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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Assembléia da ONU termina pessimista

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Em clima de desentendimento e pessimismo, terminou ontem em Nova York a sessão especial da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que avaliou o estado do meio ambiente no mundo cinco anos após a Eco-92.
EUA, Canadá e Japão se negam a aceitar metas quantitativas e prazos fixos para diminuir a emissão de gases que provocam o aquecimento da Terra, o chamado efeito estufa.
Os países da Europa querem que até 2010 os índices de emissão desses gases sejam 15% menores do que eram em 1990.
Segundo o que foi decidido no Rio há cinco anos, os governos dos 170 países integrantes da ONU precisam chegar a um acordo final sobre medidas que combatam o aquecimento da Terra até dezembro deste ano, quando seus representantes se encontrarão em Kyoto, Japão, com esse objetivo.
Há um consenso entre cientistas na previsão de que, se não houver dramática redução dos índices de emissão de gases poluentes para a atmosfera, o nível do mar subirá pelo menos 61 centímetros até o final do século 21.
Apelos
Chefes de Estado de países que têm seus territórios localizados em ilhas fizeram dramáticos apelos pela sua sobrevivência física durante a reunião desta semana.
Mas o presidente dos EUA, Bill Clinton, parece não se ter comovido com eles. Seu discurso, duas vezes adiado, na noite de anteontem, foi curto (nove minutos) e vazio de propostas concretas.
Embora tenha reconhecido que seu país tem feito "pouco" e precisa fazer mais em defesa do ambiente, Clinton não apresentou propostas concretas.
Se os seus assessores conseguiram, ao adiarem sua participação no encontro de Nova York, evitar o constrangimento de ouvir em pessoa e em público críticas de seus colegas das nações desenvolvidas, elas vieram do mesmo jeito, ainda que de longe.
O chanceler alemão, Helmut Kohl, talvez o mais próximo aliado de Clinton entre os líderes europeus, criticou ontem em Bonn o discurso do norte-americano: "Lamento que não tenhamos conseguido convencer os EUA e o Japão (a aceitarem metas objetivas de diminuição da poluição), mas não podemos abrir mão nesse assunto", disse Kohl.
A sessão especial da Assembléia Geral da ONU tampouco foi capaz de produzir acordo a respeito de um tratado internacional sobre florestas ou sobre o cumprimento do compromisso assumido no Rio, durante a Eco-92, pelos países desenvolvidos de destinarem 0,7% de seus produtos internos brutos a projetos de desenvolvimento sustentável.

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