São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997
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O despertar do gol e a camisa do Taffarel

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, Zagallo, como o galo de João Cabral, teceu a manhã com os gols da teenbolada brasileira lá no Oriente.
Esfregou os olhos e, como no reino encantado, voltou a ser menino. Que me importa que a mula manque, que a peruana era fraquinha: o que vale é o despertar do gol.
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"European Sports Magazines" elegeu a seleção da temporada que acabou: Peruzzi (Juve); Angloma (Inter), Ferrara (Juve), Hierro (Real Madrid) e Roberto Carlos (Real); Luis Henrique (Barça), Seedorf (Real), Raul (Real) e Del Piero (Juve); Suker (Real) e Ronaldinho (Barça).
O jogador mais votado: Ronaldinho. Em segundo lugar, Roberto Carlos.
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O elegantíssimo (em vários sentidos...) Raul Guilherme (...inclusive no nome) Plassmann acha que o Taffarel é o goleiro que pior se veste no futebol atual.
"Camisinha (no bom sentido, é claro) danada de feia, aquela cinza", diz ele, que ostentava uma camisa amarela digna do orgulho de Maiakóvski e dos futuristas russos.
Segundo Raul, o cinza é uma cor neutra cujo efeito é fazer o goleiro desaparecer. "Eu tomo cada susto quando olho para o gol brasileiro, parece que não tem ninguém lá dentro. O cinza incentiva o chute ao gol, a figura do goleiro se torna inexpressiva. É uma tentação para o adversário."
Ele mesmo reconhece que há que pense da maneira oposta. Relata um encontro que teve com Vavá, que o chamou de "alvo", referindo-se à camisa de um amarelo berrante que usava no gol. Vavá achava que a cor chama a atenção dos goleadores como ele, tornando-se alvo para quem vai chutar.
Raul responde que se ele passa a ser o alvo, então a sua teoria está certa, porque o alvo torna-se o goleiro, e não todo o gol. De qualquer maneira, a teoria das cores no vestuário está com o Raul: cores berrantes engordam e aumentam as pessoas. Portanto o goleiro fica maior e mais gordo; ele cresce, diminuindo o tamanho do gol.
(Talvez fosse necessário uma teoria das cores não do gol, mas do Goethe para dar mais luz à questão.)
Isso posto, vamos à seleção dos futebolistas mais elegantes escolhida por um dos jogadores que, além de ser grande goleiro, antecipou, em muitos anos e até internacionalmente, a revolução na indumentária futebolística.
(A elegância dificilmente é só futebolística: Raul é outro gentleman do futebol, um homem alinhado até quando faz críticas severas nos seus comentários para o Sportv.)
Vamos lá: Gilmar (voto de especialista); Djalma Santos, Mauro, Fontana (aparece pela primeira vez) e Nilton Santos; Zózimo, Falcão e Didi, o Folha Seca; o argentino flamenguista Doval, Pelé e Amarildo.
Lá fora, ele citaria o Beckenbauer, o Lev Yashin (o aranha negra, votado pelo Washington Olivetto, que saiu aqui aranha vermelha, qualquer dia eu conto o por quê) e o Gordon Banks.
Para Raul, o número mais bonito do futebol é o 10. A posição mais bonita? A de goleiro, é claro...

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