São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Plano quer criar 3 milhões de empregos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Programas de geração de emprego movimentam uma das mais altas cifras de investimento do Brasil em Ação (R$ 7,1 bilhões), prometem criar 3 milhões de postos de trabalho e tornar "empregáveis", via treinamento profissional, outros 5 milhões de trabalhadores.
Na última prestação de contas do governo, o Ministério do Planejamento "estima" que, até maio, o programa de geração de empregos (Proger) tenha gerado ou mantido 503 mil empregos e que financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ao setor privado tenham empregado 116 mil.
O ministério usa o termo "estima" porque não tem como aferir quantos empregos foram efetivamente criados. Os números são baseados em propostas feitas pelos tomadores de empréstimos dos dois principais programas de geração de emprego -Proger e Proemprego. O governo não confere o que, de fato, ocorreu.
"É tudo chute", avalia Carlos Alberto Ramos, professor Universidade de Brasília e autor de uma pesquisa sobre políticas de emprego publicada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). "Ninguém sabe muito bem quantos empregos são gerados."
Segundo Ramos, a ação do governo segue uma tendência mundial: recuperar vagas fechadas pelo modelo econômico de abertura dos mercados e seu impacto forte sobre o emprego industrial.
Nos países desenvolvidos, os resultados dessa política são desiguais, diz o economista. No Brasil, recomenda, não se deve tomar a formação profissional, por exemplo, como uma "panacéia".
Na conta oficial, já passaram por treinamento profissional 1,1 milhão de trabalhadores. O número parece alto, mesmo comparado às 717 mil vagas fechadas no mercado formal de trabalho nos dois primeiros anos de governo FHC.
Falta saber se os passaram pelo treinamento -na maior parte desempregados, trabalhadores de assentamentos e comunidades rurais ou servidores públicos, ao custo médio de R$ 190- conseguiram outro emprego e que tipo de emprego. "Estima-se" que 10% tenham encontrado novo posto.
A eficácia dos programas só será aferida em 98, em avaliação que o governo pretende contratar.

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