São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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Explicação aceita

JUCA KFOURI

No dia 11 de fevereiro último escrevi o seguinte neste espaço: "Enquanto não realiza seu sonho de ser o número um do futebol brasileiro, o presidente da FPF faz contratos e mais contratos em torno do Paulistão. Das bolas aos sanduíches, do seguro às animadoras dos torcedores, dos estacionamentos à rede bancária, passando pelos contratos com a TV, ninguém sabe se as famosas comissões também foram terceirizadas, em nome de quem, por que meios, e por quanto".
Diante disso, Eduardo Farah interpôs na Justiça o chamado Pedido de Explicações, querendo saber se o jornalista poderia afirmar que ele recebeu alguma comissão dos contratos da FPF, se poderia especificar seu valor e como o jornalista soube.
Por meio do advogado Luís Francisco da Silva Carvalho Filho, da Folha, as explicações foram dadas ao Juiz de Direito da 21ª Vara Criminal nos seguintes termos:
"Com efeito, a administração do nosso futebol não é transparente, não existem mecanismos de controle, e os administradores não prestam contas à opinião pública. Os torneios são deficitários para os clubes, e os jogadores de futebol são submetidos a uma maratona de jogos que compromete a duração de suas carreiras, mas, em contrapartida, as entidades, assim como seus dirigentes, enriquecem, o que subverte a ordem natural das coisas.
Como é público e notório, as federações detêm um poder absoluto na organização dos campeonatos, o que envolve a assinatura de contratos milionários com emissoras de TV e fornecedores de produtos e serviços. Com efeito, a revelação de existência de comissões na gerência de tais contratos não é uma novidade. Pelé já se referiu publicamente ao assunto.
A intenção do jornalista não foi imputar ao suposto ofendido a prática de conduta delituosa ou ofensiva à sua reputação, mas revelar, criticamente, seu inconformismo com a falta de transparência. Se os negócios do futebol fossem feitos com transparência e se as federações gerenciassem os contratos com os mesmos critérios de rigor e de publicidade que se exigem para as entidades públicas, não haveria dúvida em torno da existência ou da própria legitimidade das comissões.
A rigor, não é o jornalista que deve dar esclarecimentos sobre a existência de comissões no mundo do futebol, mas o próprio ofendido".
Farah aceitou as explicações e o caso está encerrado.

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