São Paulo, domingo, 29 de junho de 1997
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O força cultural do sexo

DA REPORTAGEM LOCAL

"A Sexualidade" foi o tema da 18ª edição da série "Diálogos Impertinentes", realizada no dia 27 de maio, no teatro do Sesc Pompéia, com a participação da psicanalista Maria Rita Kehl e do escritor Marcelo Rubens Paiva.
A série tem promoção da Folha, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e do Sesc (Serviço Social do Comércio). Os debates são transmitidos ao vivo pela TV PUC, no canal 20 da Net e da Multicanal (menos em SP, transmitido pelo canal 18 da Multicanal).
Como mediadores, participaram Mário Sérgio Cortela, professor do departamento de teologia e ciências da religião da PUC-SP, e Nelson Ascher, articulista da Folha.
A primeira questão levantada foi se a sexualidade é algo natural ou cultural. Psicanalista e escritor concordaram que, apesar da finalidade primeira do sexo ser a procriação, o termo sexualidade se aplica a humanos que vivem em sociedade e, portanto, a conotação cultural seria mais forte.
"Há muito tempo o sexo deixou de ser uma coisa natural, de procriação, e passou a ter conotações simbólicas e culturais, que estão em todas as frentes do nosso pensamento", disse Paiva.
A liberação sexual como um todo e, especificamente, a liberação da mulher, foi bastante discutida. Apesar de ambos encararem de maneira positiva o fenômeno, Kehl faz algumas restrições.
"Tenho a impressão que esse excesso de exposição virou quase uma coisa de superego. Em vez de seu superego dizer 'não transa que é feio', ele diz 'transa que é bom'. Isso eu acho um pouco inibidor", afirmou.
A principal discordância ocorreu quando o tema foi assédio sexual. Mas foi Kehl quem classificou de "narcisismo ferido e nostalgia do amor romântico da época da virgindade" as acusações de assédio que não envolvem violência.
"Claro que violência é outra coisa, um estupro, um assédio pela força, você não pode consentir. Se você não quer, não quer. Mas por que ofende tanto que um homem te queira?", disse a psicanalista.
Paiva defendeu o procedimento norte-americano, no qual qualquer ato pode se tornar um caso policial se houver insistência após a negativa da mulher.

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