São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Defesa usará testemunha para anular confissão de assassinos

LUCAS FIGUEIREDO
AUGUSTO GAZIR

LUCAS FIGUEIREDO; AUGUSTO GAZIR
ENVIADOS ESPECIAIS A PLANALTINA (DF)

Vigia vai contestar versão oficial da cena do crime

Os advogados de José Carlos Alves dos Santos vão levar ao júri encarregado de julgá-lo pela acusação de ter mandado matar a mulher o depoimento de uma testemunha que contraria a versão dos assassinos confessos de Ana Elizabeth Lofrano. A peça que será lida a pedido da defesa é o depoimento, registrado em cartório, do vigia Valdomiro Bispo dos Anjos.
No documento, ele diz que trabalha em uma obra em frente à caixa d'água onde os assassinos de Ana Elizabeth afirmam tê-la sequestrado, e que não viu a cena contada por eles. O testemunho do vigia, feito um ano após o desaparecimento de Ana Elizabeth, será confrontado ao do comerciante Antônio Carlos Vieira.
Vieira é única pessoa que, 15 meses após o desaparecimento, disse ter visto o carro do ex-diretor de Orçamento do Congresso no local do sequestro apontado pelos assassinos. Vieira tem ligação com um dos "anões do Orçamento", como ficaram conhecidos parlamentares que participaram do escândalo do desvio de verbas em 93.
A idéia é mostrar que Ana Elizabeth morreu em uma operação de "queima de arquivo" porque sabia que o marido operava os golpes cometidos com as verbas públicas.
Zacharias Mustafa Neto, promotor encarregado de fazer a acusação, está mostrando as confissões de Lindauro e Valdei -já condenados a 21 e 16 anos, respectivamente- para sustentar a tese de crime passional.
Segundo ele, José Carlos teria mandado matar a mulher para ficar com uma de suas amantes, Crislene Oliveira.
Ontem, no quarto dia de julgamento, ainda continuava a fase de leitura de peças do processo. Os jurados assistiram vídeos selecionados pela promotoria.
A promotoria está transformando o julgamento em uma "guerra" de paciência. A leitura de peças do processo aos jurados pedida pela promotoria começou na sexta-feira e terminou ontem à noite.
Previsto originalmente para terminar no domingo ou hoje, o julgamento deve se arrastar até quarta ou quinta-feira, obrigando testemunhas e jurados a ficarem uma semana incomunicáveis dentro do fórum de Planaltina.

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