São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997 |
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China cerca cultura de HK
JAIME SPITZCOVSKY
Os roqueiros de Hong Kong abandonam as letras com temas sociais ou políticos, falam apenas de amor e também trocam os jeans rasgados por roupas comportadas. Hong Kong volta ao controle da China a partir da 0h de terça (13h de hoje em Brasília). Os 156 anos de colonialismo britânico serão substituídos pela fórmula "um país, dois sistemas", ou seja, o território poderá manter, por 50 anos, seu sistema capitalista e as liberdades democráticas que não existem no resto da China. O governo chinês avisou que a fórmula tem limites. Não vai tolerar, por exemplo, slogans que peçam a mudança do regime em Pequim ou críticas aos líderes comunistas. O recado serve para os políticos e também para os artistas e produtores de Hong Kong. Pequim teme que o território seja uma "base de subversão", com ventos democratizantes que contaminem o resto da China. Para impedir "influências negativas" da indústria cultural de Hong Kong, o Partido Comunista chinês afia a censura e impede a entrada no país de obras do território com conteúdo "contra-revolucionário", que abordem temas como democracia, drogas, homossexualismo ou prostituição. As teias da censura chinesa impedem, por exemplo, a exibição do filme "Happy Together", de Wong Kar-Wai, cineasta de Hong Kong. A produção conta a paixão entre dois homossexuais e recebeu o prêmio de melhor direção no último Festival de Cannes. Pequim guarda outra arma em sua guerra contra a "poluição cultural" de Hong Kong. Por causa da fórmula "um país, dois sistemas", a China tem dificuldades para impor no território leis que permitam a censura direta. Para driblar a dificuldade, o governo comunista tenta intimidar os artistas que produzem "obras ideologicamente indesejáveis". LEIA MAIS sobre cultura em Hong Kong à pág. 5-3 Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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