São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997 |
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Hollywood filma o descobrimento
FERNANDO OLIVA
O paulistano Fábio Fonseca, empresário da área de frigoríficos, teve a idéia de realizar a superprodução há quatro anos. Com a cara-de-pau de quem nunca havia escrito profissionalmente, levou seu esboço de roteiro a Hollywood, pagou pela opinião dos "screendoctors" (profissionais que apreciam roteiros para os grandes estúdios) e, por fim, conseguiu uma co-produção com a Scent Film, empresa de Salkind (produtor dos três primeiros "Superman") e Jane (filha caçula de Charles Chaplin). Quem conta a aventura marítima do descobrimento é o marujo Gonçalo, identificado apenas como "um dos tripulantes da nau-capitânia da frota de Cabral". A intenção é colocar o espanhol Antonio Banderas na pele do marujo desbravador. O elenco de apoio deve ser composto totalmente por brasileiros. Já que a célebre saga dos portugueses é narrada por um personagem anônimo e fictício, a pergunta óbvia é: onde entra Pedro Álvares Cabral na história? Em "Brasil 1500", o famoso capitão português é um personagem secundário. Fonseca e o co-produtor brasileiro Cláudio Kahns não queriam limitar as possibilidades de inovações do roteiro, sempre em comparação com a história oficial. "Não precisamos nos ater aos clichês que envolvem a figura histórica de Cabral", justifica Kahns. Intencionalidade Fonseca, após pesquisar durante um ano em arquivos portugueses (Ministério da Marinha) e brasileiros (Biblioteca Mário de Andrade e Casa de Portugal, em São Paulo, e Gabinete Português de Leitura, no Rio), encampou a tese da intencionalidade do descobrimento. Ele se opõe, assim, à bastante divulgada versão que crê no desembarque das naus portuguesas no litoral baiano como um acidente de percurso. "A principal idéia que o filme defende é que tudo foi muito bem planejado por Portugal e que havia uma política nacional para colonizar o país." Como a pretensão é fazer sucesso entre o público norte-americano e conquistar o mercado internacional, o nome do roteirista David Newman surgiu como outro trunfo da produção para aumentar a credibilidade do projeto (leia entrevista nesta página). Newman entregou o roteiro final de "Brasil 1500" na semana passada. "Ele foi contratado para dar um polimento no texto", explica Fonseca. "Os investidores precisam conhecer quem está por trás, e é mais fácil vender um projeto associado ao nome David Newman que ao de Fábio Fonseca." O filme deve ser dirigido pelo norte-americano Michael Cimino, que ganhou o Oscar em 78 pela direção de "O Franco-Atirador". "Só falta assinar o contrato", assinala Fonseca. Para países diferentes, estratégias diferenciadas para conquista de mercado e de público. Nos Estados Unidos, o filme deve estrear com o nome de "Gonçalo". A produção está orçada em US$ 35 milhões. Como termo de comparação, o épico brasileiro "A Guerra de Canudos" custou R$ 6 milhões. Kahns, da Tatu Filmes ("Como Nascem os Anjos"), já arrecadou cerca de R$ 7 milhões por meio da Lei do Audiovisual. A procura de investidores internacionais pela Scent Film ainda está no começo. Como "Brasil 1500" é um dos projetos aprovados pela Comissão Nacional para as Comemorações do 5º Centenário do Descobrimento, o filme pode usar esta espécie de chancela do governo federal para captar mais recursos no país. Desde fevereiro, Fábio Fonseca bateu à porta de 129 empresas. As filmagens devem acontecer em janeiro e fevereiro de 98, com locações em Porto Seguro (litoral sul da Bahia) e Portugal e internas em estúdios hollywoodianos. Os produtores tentam assinar contrato com Warner, Paramount ou Disney. "A intenção é lançar o filme em julho, em pleno verão americano", diz Fonseca. Se não ficar pronto até lá, "Brasil 1500" -ou melhor, "Gonçalo"- só chega às telas em 1999, durante o próximo verão, estação estratégica para lançamento nos EUA das grandes produções de entretenimento. Texto Anterior: Baixista do No Doubt afirma que a banda ficou mais pop Próximo Texto: David Newman quer Banderas Índice |
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