São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Hong Kong aceita praticar autocensura

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL A HONG KONG

Artistas que explorem temas condenados pela cartilha do Partido Comunista devem encontrar em Hong Kong um universo mais difícil para arrancar apoio financeiro para suas produções ou mercado para vendê-las.
Patrocinadores e distribuidores vão pensar duas vezes antes de trabalhar com obras de arte que irritem o governo chinês. Pequim também sabe que muitos artistas de Hong Kong olham com apetite para o enorme mercado chinês.
O país tem 1,2 bilhão de habitantes e as reformas pró-capitalismo iniciadas em 1978 aumentam o poder aquisitivo da população.
As bandas de rock de Hong Kong parecem querer seguir o mesmo caminho da música popular do território, conhecida como "cantopop". Ou seja, invadir o mercado chinês.
As listas de discos mais vendidos na China trazem sempre os nomes de Jacky Cheung, Leon Lai, Andy Lau e Aaron Kwok. São artistas do "cantopop" de Hong Kong, conhecidos como "Os Quatro Reis Celestiais", que misturam letras românticas com apelos de nacionalismo chinês.
O rock de Hong Kong, sonhando com vendas na China, tenta se comportar de acordo com o ditado do Partido Comunista. "Política e injustiças sociais não são preocupações das bandas", escreveu Rodger Lee, crítico do "South Morning Post", o principal jornal escrito em inglês de Hong Kong.
"Muita gente que toca rock hoje é bem comportado, muito bem comportado", disparou Lenny Guo Danian, da banda Blackbird.
Alguns músicos não escondem sua vontade de evitar o choque com as autoridades de Pequim. "Com certeza eu vou praticar (autocensura)", declarou David Cheng Wing-kin, da banda DSC.
Sobre a devolução à China, o conjunto de rock Miracle escreveu a música "Made in Hong Kong". A letra fala em "caos de ontem" e descreve Hong Kong como "o local para os sonhos de amanhã".

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