São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 1997
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Templos proliferam em Myanma

ROGÉRIO C. DE CERQUEIRA LEITE

no Sudeste Asiático
Costumamos dizer que Salvador (BA) tem uma igreja por dia do ano. Isso parece uma indicação de que os baianos são religiosos. Bem, a região de Pagan, dizem as lendas, tem entre 10.000 e 15.000 templos.
Em Salvador, há 2 templos para cada 10.000 habitantes. Em Pagan, há 2 habitantes por templo.
São monumentos de influência budista maaiana, com grande contaminação do tantrismo, onde predomina Shiva e sua representação principal, o fálus ereto vertical.
Essa profusão de templos não se restringe a essa cidade, embora lá a concentração seja maior.
Também é verdade que a população de Pagan pode ter sido dez vezes maior do que é hoje durante seu apogeu, do século 11 ao 13.
A proliferação de templos se explica pela legislação, que exigia de cada família a cessão permanente de um dos filhos para a construção desses monumentos.
O turismo em Myanma (nome atual da Birmânia) se concentra na região de Mandalay, onde fica Pagan, e na capital, Yangon (a antiga Rangum), mas há inúmeros outros locais de interesse.
Para uma estada de uma semana ou dez dias, entretanto, é aconselhável se concentrar em Mandalay-Pagan e Yangon.
O mais notável centro religioso se encontra em Yangon, o fascinante pagode Shwedagon, com seu dono de ouro, e dezenas de outros templos e estátuas de deuses.
Em Myanma, o turista terá de tirar não somente os sapatos ou chinelos, mas até as meias, e não apenas para entrar nos templos, mas mesmo para deles se aproximar, pois o solo vizinho é sagrado.
No Shwedagon, mesmo os materialistas ferrenhos devem passar algumas horas, pelo menos uma tarde até o anoitecer. Só assim você compreende essa religiosidade.
Em Yangon os visitantes também terão a oportunidade de visitar fábricas de papel dourado.
O ouro é essencial para a expressão religiosa própria dessa crença complexa, pois é eterno, imutável.
Em Mandalay, encontra-se um outro mundo. Talvez possa o visitante descer o exuberante Irrawaddy. A vida corre por esse rio.
Do barco, o visitante observará o trabalho dos búfalos nos campos de arroz, a coleta de areia, as pequenas vilas, crianças brincando, a pesca e as monumentais concentrações de templos brancos, dourados ou de pedra fosca.

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